18/06/2020

Reação Estruturada


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Empresas do setor investem em e-commerce, delivery, mídias sociais e atendimento individualizado para diminuir os impactos da covid-19 nos negócios

O final da temporada de verão 2019/2020, em março, mostrou uma realidade inédita para o setor de piscinas em decorrência da Covid-19: queda generalizada da atividade econômica. No comércio, por exemplo, as dificuldades começaram na segunda quinzena e início da quarentena. “De 15 de março ao final de abril, o varejo perdeu 106 bilhões de reais, sendo 85% em segmentos considerados não essenciais, de lojas fechadas. O valor equivale à metade das vendas de um mês”, diz Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Ele estima que a retração deve continuar a apontar perdas significativas até junho. Buscar então alternativas para manter os negócios e os empregos pautaram reuniões e conversas em todos os segmentos, principalmente por videoconferência. Com a ANAPP não foi diferente. Utilizando a ferramenta Zoom Meeting, que suporta encontros virtuais com até 500 participantes, a direção trocou informações com os associados para produzir diagnósticos e planejar ações focadas no segundo semestre. Ao comentar o cenário verificado até o início de maio, o presidente da ANAPP, Adelino Ângelo, observa que a queda acentuada já era esperada, de 30% a 50%, em média, com a indústria e o varejo concentrados em zelar pela saúde dos colaboradores e flexibilizar as atividades, lançando mão de férias coletivas, banco de horas e home office (quando possível) para minimizar os prejuízos.

Situação do caixa

Ele observa que a retração ocorreu no momento em que as empresas estão ainda com o caixa em ordem por conta da temporada de verão, que foi relativamente positiva na comparação com anos anteriores. “Não tenho dúvida de que teríamos um quadro devastador se a crise retrocedesse a setembro/outubro, no início do verão”, reforça o presidente. Fabricantes e lojistas confirmam o posicionamento do presidente da ANAPP, de queda nos negócios e de reserva de caixa até início de maio, evitando cortes de pessoal e de salário. A questão central, no entanto, é saber qual cenário será desenhado nos próximos meses.

Por conta do isolamento social, que tem colocado em oposição governo federal e governadores, principalmente das regiões Sudeste e Nordeste, a falta de informações sobre o controle da pandemia até o momento e a retração da economia tornam incerto o ambiente de negócios. Dessa forma, os empresários informam à Revista ANAPP que planejavam a renegociação de contratos com fornecedores e a negociação da redução de salários e horas trabalhadas por até 90 dias, como permite a MP 936/2020, do governo federal, em vigor. “Se a crise alongar até julho, por exemplo, a tendência do setor é buscar soluções disponíveis”, reforça.

Indústria e varejo

Até o momento, as empresas da cadeia produtiva do setor buscam reduzir o impacto da crise com promoções, estoques regulados e optando por canais de vendas digitais, como e-commerce e delivery.

No caso do varejo, empresas que comercializam piscinas, equipamentos, acessórios e serviços de manutenção, que têm o CNPJ de loja de material de construção, considerada atividade essencial durante a quarentena, podem abrir as portas, entretanto, estão adotando cautela no atendimento.

 

É o caso da Equibombas, na capital paulista. Por conta da pandemia, a loja oferece duas opções para atender os clientes - delivery e drive-thru (com os pedidos entregues no estacionamento) –, além do e-commerce. “Temos a vantagem de um grande estoque e, como problema, o isolamento social, dificultando o deslocamento das pessoas. Essa situação nos obrigou a reaprender a trabalhar”, explica o diretor de vendas Flávio Araújo Andrade.

Dois lojistas no interior paulista – Planeta Piscinas (Bauru) e Macol Piscinas (Itapira) – seguem pelo mesmo caminho da Equibombas. O proprietário da Planeta Piscinas, André Jacob, explica que a pandemia o pegou ainda mais de surpresa e chegou quando estava concluindo a mudança para a nova loja, de 350 metros quadrados, representando um investimento de R$ 700 mil. “A Covid-19 é uma realidade e o que estamos fazendo é contatar nossos clientes, oferecendo equipamentos e serviços para condomínios e residências. Ou seja, em vez de atender os consumidores na loja, vamos em busca deles”, explica. Sair da zona de conforto é a estratégia da Macol Piscinas, explica o proprietário Claudio Henrique de Mira. Com 34 anos de mercado, ele afirma que “os projetos novos de piscina secaram”, e, com isso, decidiu oferecer serviços de instalação e manutenção aos clientes, realizados pela equipe experiente que trabalha na empresa. “Com a quarentena, muitas pessoas estão em casa e podem, por exemplo, investir em conforto, instalando um aquecedor ou uma cerca de proteção”, explica.

Na parte da indústria – piscinas, equipamentos, produtos clorados e acessórios –, o cenário também é de retração. A Pooltec, localizada na capital paulista, segundo Flávio Araújo Andrade, optou por conceder férias coletivas para manter os 35 funcionários. Com três unidades – Manaus (AM), Macaíba (RN) e  Uchoa (SP) –, a Haas Piscinas está com sua produção de piscinas de fibra totalmente paralisada. De acordo com o proprietário, Luis Maurício Haas, a estratégia é aguardar o posicionamento do poder público para reabrir as fábricas. “Estamos operando com home office e entregando as unidades que temos em estoque de pedidos já agendados”, explica. Instalada em Valinhos (SP), a HidroAll reduziu a produção, sem comprometer as vendas, adiou viagens de trabalho e descartou cortes de pessoal. “Por conta do fechamento do comércio, praticamente em todo o País desde março, nossa curva sazonal de vendas foi afetada, antecipando a baixa temporada que começa em abril”, afirma Junior Galinari, gerente de marketing e vendas da empresa. Uma das viagens agendadas era para Dubai, nos Emirados Árabes, de 28 de março a 2 de abril, com mais de 100 clientes da HidroAll. “Para garantir a saúde e segurança dos nossos clientes e equipe, adiamos a viagem antes mesmo da OMS (Organização Mundial de Saúde) decretar a pandemia em 11 de março”, conta Junior Galinari. Nova dinâmica da economia Na avaliação da ANAPP, a partir da covid-19, uma nova maneira na relação entre indústria, comércio, serviços e consumidores está se formando. “O que há de certo é que os mercados vão se reorganizar. As pessoas continuam a demandar produtos e serviços e vão adotar um novo comportamento. Devido a isso, os empresários devem estar atentos aos movimentos que começam a se estabelecer em uma nova dinâmica e se renovar para manter os negócios no setor”, defende Adelino.

Para ele, o mercado deve permanecer atento às necessidades dos clientes e atualizar os canais de comunicação com eles. Cita como exemplo a venda de cloro, importante para combater a Covid- 19 e a Dengue, outra doença que está no radar das autoridades públicas de saúde. “Em relação aos canais de venda, nossa estratégia é dar atenção especial ao e-commerce, planejando wokshops com especialistas e publicações em diversas plataformas. O e-commerce já foi tema da Revista ANAPP e de painéis na Expolazer em suas duas últimas edições, de 2017 e 2019. Certamente fará parte da nova edição da feira programada para agosto de 2021, com maior destaque”, encerra o presidente da ANAPP.

 

Fonte: Revista ANAPP Edição 151