26/07/2018

Natação uma aliada no tratamento da Asma


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Estudos comprovam o poder terapêutico da atividade

Sem sombra de dúvida, a natação é o mais conhe­cido dentre os esportes do meio aquático e con­siderada uma das mais completas atividades físicas. Entretanto, praticar ou não praticar natação ainda é um dos principais questionamentos de pacientes com algum problema respiratório, a exemplo da asma, também conhecida como bronquite asmática.

A asma é uma doença pulmonar que afeta as vias aéreas ou brônquios, que são responsáveis por levar o ar para dentro dos pulmões. A asma causa falta de ar, tosse crôni­ca, chiado e aperto no peito. O pulmão de um paciente asmático é diferente do pulmão de uma pessoa saudável: mais sensível e inflamado, o pulmão do paciente com asma reage a qualquer irritação.

Não se sabe exatamente o que causa a asma, tendo em vista que cada paciente reage de maneira diferente, mas é de extrema importância saber o que provoca as crises. Só assim o médico poderá indicar o melhor tratamento a ser seguido.

Independentemente disso, a prática de esportes é uma grande aliada nesse tratamento. Em especial, a natação, considerando que as atividades realizadas na piscina ajudam a aumentar a entrada de ar nas vias respiratórias.

Em artigo publicado no site Minha Vida, o fisiolo­gista do esporte Raul Santo, da Universidade Federal de São Paulo, explica que quando uma pessoa com doença pulmonar crônica se adapta à carga de exercícios, seu corpo passa a utilizar melhor o oxigênio e respirar com mais facilidade devido ao fortalecimen­to dos músculos responsáveis pela respiração. Ainda segundo o fisiologista, a movimentação do corpo au­menta a circulação do sangue, fortalecendo o coração e diminuindo a pressão sanguínea.

Em 2012, pesquisadores do Centro de Investigação em Pediatria (Ciped), da Faculdade de Ciências Médi­cas da Unicamp, foram finalistas no VI Prêmio Saúde 2011, promovido pela revista Saúde! É Vital, da Edi-

tora Abril. Eles apresentaram o estudo “Avaliação espirométrica e da hiperresponsividade brônquica de crianças e adolescentes com asma”, mostrando os benefícios da natação para o controle da doença.

“Poucos têm comprovado a eficácia dos exercícios físicos nesses tratamentos e a prática de exercícios é fun­damental nos casos de doenças crônicas que, na maioria das vezes, são doenças inflamatórias”, afirmou o médi­co da Unicamp Dirceu Ribeiro na época da premiação.

A autora do estudo, Ivonne Bernardo Wicher, res-

saltou que o diferencial da sua pesquisa foi a realização de testes de broncoprovocação (pré e pós). Segundo ela, o objetivo dos testes foi detectar uma alteração chamada “hiperresponsividade brônquica” (sensibilidade excessiva dos brônquios ou sua facilidade de se contrair frente a um estímulo), uma característica da asma presente entre 85% e 98% dos portadores da doença.124

A pesquisa levou cerca de cinco anos para ser concluída e foi feita com base na observação de 60 pacientes com idade entre sete e catorze anos que tinham asma de nível moderado e grave. “O grupo de pacientes que passou pelo tratamento e fez natação no período da observação obteve melhores resultados”, afirmou Dirceu, que ado­tou como parâmetros da pesquisa a função pulmonar, mecanismo inflamatório e qualidade de vida.

Foi observado ainda que os pacientes que praticaram atividade física apresentaram uma diminuição no número de sintomas, dormiram melhor, tiveram menor índice de irritação e tomaram menor quanti­dade de remédios. Consequentemente, passaram a ter melhor qualidade de vida.

Claro, não é preciso ser portador de asma para pensar na natação como uma boa opção de atividade física. Pense nisso.

Fonte: Revista ANAPP Edição 124