06/06/2018

Atletas na piscina: um santo remédio


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Por Mauro Boimel

Se há um local onde os atletas ado­ram se recuperar durante uma lesão ou uma competição disputada em alto nível é a piscina.

Várias formas de técnicas de recuperação por imersão em água estão ganhando popula­ridade crescente entre competidores. Apesar de atletas já usarem a hidroterapia há vários anos, há diversas pesquisas sobre os poten­ciais efeitos da imersão em água na recupera­ção e desempenho. As formas mais comuns de imersão são a imersão em água fria (IAF), imersão em água quente (IAQ) e hidroterapia de contraste (HC), onde o atleta alterna imer­sões em água quente e fria.

“Usei muito a piscina quando precisei fazer a reabilitação do meu joelho”, conta a ex-ginasta, Daiane dos Santos, que foi a pri­meira atleta da ginástica artística brasilei­ra a conquistar a medalha de ouro em uma edição do Campeonato Mundial. Ainda en­trou para a história da modalidade ao ter um movimento batizado com seu nome. Suas primeiras medalhas internacionais vieram em 1999, nos Jogos Pan-Americanos de Win­nipeg. Quatro anos depois, no Pan de San­to Domingo, repetiu o bronze por equipes. Sua primeira participação em um Mundial foi em 2001, na Bélgica, quando alcançou o quinto lugar no solo. Mas, foi na edição de 2003 da competição que a brasileira brilhou. Apesar de estar se recuperando de uma ci­rurgia, Daiane surpreendeu a todos na final do solo, no Mundial de Anaheim, nos Esta­dos Unidos. Ao som da música “Brasileiri­nho”, ela superou a romena Catalina Ponor para garantir a medalha de ouro. Daiane conquistou seu segundo ouro na Copa do Mundo, em etapa disputada em São Paulo. Em 2007, disputou os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro com uma lesão no torno­zelo e terminou como medalhista de prata, superada pela equipe norte-americana.

“Ganhei muita força na perna, mobilidade na parte articular. Isso tudo é muito mais fá­cil na piscina, principalmente com ela quen­te. Ela relaxa mais os músculos e com isso, ganhamos amplitude no movimento. Usei muito a piscina também quando tive uma in­flamação na coluna. Fiz bastante RPG – Ree­ducação Postural Global, relaxamento, mas principalmente a reabilitação na piscina”, diz Daiane. “Quase todas as ginastas a utilizam. Desde uma lesão simples, como contratura muscular, até as mais complicadas, como uma lesão no joelho, parte articular, ombro, torno­zelo”. Segundo ela, o efeito deste tratamento é extremamente positivo. “Funciona para to­dos, não só para os atletas. Os fisioterapeutas e os preparadores físicos também recomen­dam”. Em um pós-operatório, também é bem prático para trabalhar, seguro. “Quando fiz a cirurgia no joelho, realizei esta recuperação quase que de imediato dentro da piscina. ”, afirma a ex-atleta, que hoje é dona de uma empresa de prestação de serviços, com trei­namentos, palestras, workshop, e suporte na parte sócio educacional. Ela também está envolvida no projeto social “Brasi­leirinhos”, onde são atendidas crianças de 6 a 14 anos, usando a ginástica como ferramenta educacional. Daiane parou em 2012, logo depois da Olimpíada de Londres e não pratica mais a ginástica, apenas exercícios físicos.

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Ex-ginastas, Lais Souza e Daiane dos Santos recomendam o uso da água para a recuperação de lesões, é adepta fervorosa da piscina para recupe­ração de contusões. “Já usei a piscina para diversas funções. Fiz muitas cirurgias no joelho. Em todas, realizei minha reabilitação na água, e foi ótimo! A piscina mais quente deixa o joelho, as costas, e outras partes do corpo bem aquecidos”, relata a ex-atleta. “Eu conseguia me soltar mais, as fibras muscula­res também se soltavam. O próprio inchaço do local contundido ficava reduzido, assim como o impacto no local atingido”, conta Lais, completando. “Eu conseguia fazer al­guns exercícios, considerados de dificulda­de, dentro da água. Também usei muito, du­cha na piscina para relaxamento muscular e para tratar de alguma fibrose. Eu indico muito fazer recuperação na piscina. Quando eu era atleta, usei bastante e agora, depois do acidente, acabo indo para a piscina tam­bém, mesmo que com alguma dificuldade”, conta. “Acho a piscina incrível e recomen­do demais o seu uso para a recuperação de lesões”. Atualmente, a ex-atleta ministra palestras e estuda faculdade de psicologia. Durante a Olimpíada de 2016, no Rio de Ja­neiro, ela fez comentários e reportagens para o SporTV. Em 24 de janeiro de 2014, quase perdeu a vida: ela ficou tetraplégica por causa de um acidente sofrido quando treinava em Salt Lake City, nos Estados Unidos, para os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, na Rússia, quando lesionou gravemente a coluna. Ela se preparava para participar da prova de esqui aéreo, quando se chocou contra uma árvore e teve séria lesão na terceira vértebra (C3) da coluna cer­vical – que comprometeu as suas funções moto­ra, sensitiva e autonômica. A então atleta perdeu movimentos, sensibilidade e controle de todos os órgãos abaixo do pescoço. Após o acidente, Lais vem se recuperando muito bem. Em meados de 2014, ela conseguiu voltar a sentir o pé. Dois anos mais tarde, a ex-ginasta postou um vídeo em que aparecia mexendo o braço. “Eu venho ficando cada vez mais forte”, afirmou na ocasião. Em fe­vereiro deste ano, ela obteve outra vitória. Com a ajuda de um estabilizador, a ex-ginasta ficou em pé pela primeira vez, desdte o grave acidente, du­rante uma sessão de fisioterapia. O tratamento foi postado por ela em sua conta no Instagram.

Uma coisa é certa, existem vários métodos po­pulares utilizados por atletas para melhorar ou acelerar a sua recuperação. Seu uso depende do tipo de atividade realizada, do tempo até a sessão seguinte de treino ou evento e equipamentos e/ou pessoal disponível. Algumas das técnicas mais populares de recuperação para atletas incluem a hidroterapia, recuperação ativa, alongamento, roupas de compressão, entre outros. ­

Fonte: Revista ANAPP Edição133