15/12/2017

Um dia de grande APRENDIZADO para colocar no currículo!


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Por: Kesher Agência 

O segundo dia do Fórum Brasileiro da Indústria de Piscinas e Spas, trouxe um tema muito polêmico e de grande importância para o segmento, a “piscina verde” das Olimpíadas. A mediação foi do Gestor de Patrimônio do Parque Olímpico, Cristiano Barros Homem del Rei, que iniciou sua apresentação mostrando a estrutura do Parque Olímpico e a organização para receber a mídia de todo o mundo que cobriu as Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016.

A estrutura do Parque Olímpico se dividiu, basicamente, em três instalações: o Parque Olímpico, Esportes Olímpicos e o Centro Aquático Maria Lenk. Este, tinha capacidade total para 4.500 espectadores e três piscinas. A piscina de Saltos Ornamentais, com medidas de 30x25x5,30m, a Piscina Olímpica de Competição com 50x25x3m e a Piscina Olímpica de Treinamento, com 50x25x3m. Nestas piscinas, ocorreram tanto as competições oficiais, como as de treinamento e aquecimento antes do início de cada competição, diariamente, entre 7 e 21h30, recebendo 498 atletas. Cristiano mostrou em sua apresentação que eventos testes aconteceram entre fevereiro e março de 2016, recebendo o total de 410 atletas, quando tudo correu perfeitamente bem. A Olimpíada do Rio foi realizada de 3 a 21 de agosto.

Após o início das competições dos Jogos Olímpicos, houve uma solicitação por parte da imprensa pela melhoria da qualidade da água, que já apresentava características de turbidez, que impedia que as avançadas câmeras de filmagem captassem os movimentos milimetricamente calculados dos atletas, como as do nado sincronizado.

Neste momento aconteceu o que se chamou de “solução equivocada”, tomada pela empresa responsável pelo tratamento de águas das piscinas olímpicas. Às 22 horas de 6 de agosto, a piscina de salto recebeu a aplicação do peróxido de hidrogênio, quando algumas das competições de natação já tinham se iniciado. Na manhã seguinte, a água dessa piscina já apresentava a coloração esverdeada e, no dia 8, já estava completamente verde. Oitenta litros de peróxido de hidrogênio foram aplicados de forma equivocada no dia 6.

O produto oxidante elimina a matéria orgânica, deixando a água livre de bactérias e fungos nocivos. No entanto, ao entrar em contato com o cloro, provocou uma reação química que “enganou” os sistemas elétricos de controle dos níveis de cloro das piscinas, prejudicando o nível ideal da qualidade da água.

Muitas medidas paliativas foram tomadas como: ataque químico, troca de filtro; porém, como não surtira efeito e pela pressão do tempo com o início das competições, uma decisão bastante radical foi tomada: movimentar 8 milhões de litros de água das piscinas. No dia 13 de agosto, às 19h, mais de 40 profissionais estiveram envolvidos no acionamento de diversas bombas utilizadas para o esvaziamento da piscina de polo e de nado sincronizado. Foram
onze horas de trabalho minucioso e muita tensão das pessoas envolvidas no procedimento.

Finalmente, em um tempo quase cronometrado, às 8 horas da manhã, as piscinas estavam totalmente adequadas para as competições. Um grande exemplo a ser considerado pelo mercado!

O segundo dia do Fórum continuou com a palestra do biólogo Ricardo Miçón Filho, que deu continuidade ao tema de tratamento da água com a questão: Tratamento, operação e manutenção de piscinas é tarefa simples ou complexa?

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Ao analisar os processos de tratamento de água em piscinas, Ricardo mostrou como é importante o profissional ter base de várias áreas do conhecimento para exercer a função, como medicina, saúde pública, engenharia, arquitetura, hidráulica, elétrica, microbiologia, química, física, matemática, biologia, entre outras, em conceitos básicos e complexos.

O biólogo ressaltou os temas de tratamento de água de piscinas tais como: removendo sujeiras, corrigindo turbidez, alcalinizante, ajuste do equilíbrio, tratamento ocasional, proteção à saúde e estado de controle.

Ele apresentou um cálculo de ocupação de frequentadores das piscinas que, segundo as normas da ABNT, devem ser de 2m² por banhista adulto e 1m² por banhista criança. De acordo com a NBR-ABNT 9818, no momento de sua construção, o cálculo deve ser feito considerando que a área mínima por banhista é função da profundidade e da proporção entre a superfície da água e a área circundante. Além disso, apresentou também uma fórmula prática para o cálculo da dosagem de produtos químicos.

Mostrou que o operador deve estar sempre atento às questões perceptíveis e imperceptíveis, principalmente em se tratando de saúde dos usuários. Mostrou que os banhistas contaminam a piscina, e a piscina contamina os banhistas, em um ciclo que deve ser interrompido. No caso dos frequentadores de piscinas, as “portas de entrada” como os olhos, nariz, ouvido, ferimentos, poros dilatados e ferimentos, ficam sujeitos a penetração de micro-organismos e substâncias químicas. No processo do tratamento clássico da água, são realizadas a remoção de partículas em suspensão, formadoras da cor e turbidez, floculação/coagulação, sedimentação e filtração. Na sequência, mostrou que a finalidade do “Teste de Jarros” é determinar o melhor coagulante, a melhor pH, e a melhor e mais econômica dosagem de produtos.

Ainda em relação à saúde dos usuários, apontou que a desinfecção deve ser feita com o objetivo de eliminar microrganismos patogênicos e apresentou as soluções disponíveis no mercado: hipoclorito de sódio, hipoclorito de cálcio, cloro em tabletes ou pastilhas, cloro gás em cilindros, instalação de cloro gás, gerador eletrolítico de cloro, ozônio, gerador de dióxido de cloro e radiação ultravioleta.

O biológo apontou também dez passos para o tratamento de rotina das piscinas. Mostrou que se deve cuidar da piscina, não importa o número de usuários, a frequência ou época do ano. É preciso inspecionar a motobomba, filtro, pré-filtro, coadeiras, ralos, bocais, tubulações, manômetros, sistema elétrico, produtos químicos, dosadores, etc., limpar área circundante, bordas com produto próprio, filtrar diariamente durante tempo recomendado para cada sistema, em especial, controlar e corrigir cloro, ph, alcalinidade e dureza, entre outros.

Ricardo Miçón expôs que, em relação ao cloro, é necessário acrescentar, segundo a escolha do composto e de acordo com orientação do fabricante, uma faixa ideal entre 0,3 a 0,8 mg/l. Sobre o ph, informou que, a correção para baixo deve ser feita com uso de ácido e para cima com alcalinizante, sendo aconselhável o parâmetro entre 7,2 a 7,8 unidades de pH. Na correção da alcalinidade, devem ser usados os mesmos produtos da correção de pH. A alcalinidade total dependerá do tipo de cloro utilizado (composto inorgânico e composto orgânico e gás cloro). Sobre
dureza, recomendou de 200 a 400 mg/l, e adicionar cloreto de cálcio, além de substituir gradativamente a água.

Ainda no tratamento de rotina, denotou que é necessário um equilíbrio físico-químico x balanceamento, mantendo cloro, pH, alcalinidade e dureza dentro das faixas ideais não resulta em uma água devidamente equilibrada ou balanceada, é preciso perfeito alinhamento entre eles.

Ao finalizar, mostrou os principais pontos do tratamento eventual: estabilização do cloro, remoção de cor e turbidez, remoção e controle de algas, oxidação de metais dissolvidos, redução de sólidos dissolvidos, combate à incrustação e o combate a corrosão.

Fonte: Revista Anapp – edição 135