26/09/2023

Por que sapos e insetos entram em piscinas?


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Os animais mais comumente encontrados em piscinas são os insetos aquáticos, como besouros, baratas-d'água, barqueiros, ninfas de libélula e larvas de mosquitos. Isso acontece porque eles encontram na água um ambiente propício para se abrigar, reproduzir e alimentar de algas, detritos vegetais, larvas e microorganismos.

"A água parada atrai insetos voadores, que percebem o reflexo em sua superfície. Em um corpo d'água natural, esses insetos seriam predados por peixes", explica

Em uma piscina com água verde, contudo, esses insetos encontram um lugar ideal para se desenvolver e reproduzir, pois ali acham alimento abundante sem a chance de virarem comida de peixe.

O problema se torna maior quando vira uma infestação, que, segundo Vinicius, começa com o descuido no tratamento da água. "Uma piscina com concentração de cloro abaixo de 1 PPM, pH fora da faixa ideal (que vai de 7,2 a 7,6) e alcalinidade abaixo de 80 PPM é um local propício ao desenvolvimento de algas", diz.

Se, somado a tudo isso, o responsável por seu tratamento não aplicar regularmente algicida nem filtrar a água diariamente, ele explica que esta piscina rapidamente ficará verde devido ao grande desenvolvimento de algas, que cobrirão as paredes internas da piscina, além de ficarem dispersas na coluna d'água.

Com o passar do tempo, insetos maiores acabam se desenvolvendo, alimentando-se dos menores, os quais se nutrem de algas e material em decomposição.

O ambiente úmido da piscina, associado a presença de presas, como insetos, atraem sapos e outros anfíbios para a piscina — Foto: Pixabay / @donjasnl0 / CreativeCommons

 

Todos esses bichos na água acabam atraindo animais maiores, como sapos, que apreciam ambientes úmidos e entram na água para se refrescar e alimentar. Como consequência de sua presença, até mesmo cobras podem aparecer, principalmente em lugares abertos, como chácaras ou casas próximas a matas.

"Tudo aquilo que está relacionado ao jardim e à natureza está conectado e atrairá mais natureza", diz Murilo Cruciol , biólogo especialista em Paisagismo e mestre em Arquitetura e Urbanismo.

No caso de um jardim volumoso com plantas e espelho d'água, por exemplo, Murilo explica que ele emulará um oásis e local de sobrevivência para formas de vida como insetos e sapos.

Perigos ao ser humano

Encontrar sapos e insetos em piscinas é um fenômeno natural associado ao meio ambiente e ao qual tendemos, cada vez mais, a rejeitar. No mais, o cuidado com a interação com algumas espécies é importante.

Normalmente os insetos e anfíbios presentes na piscina não oferecem perigo aos seres humanos, mas é preciso tomar cuidado com espécies venenosas ou transmissoras de doenças — Foto: Unsplash / @id23 / CreativeCommons

 

No caso de cobras, o aparecimento costuma ser raro. Mas, em relação aos mosquitos e anfíbios, cuja ocorrência é mais frequente, há algumas ameaças à saúde do morador.

"Em uma piscina sem tratamento, mosquitos, que são vetores de diversas doenças, depositarão seus ovos, aumentando o risco de transmissão de doenças como dengue, febre chikungunya, zika, malária, febre amarela, entre outras", explica Vinicius.

Ele acrescenta que alguns insetos possuem picadas bastante dolorosas, apesar de não serem venenosas. "A picada mais dolorida que tenho conhecimento é a da barata-d'água gigante, um inseto que pode atingir 10 cm e que lembra uma barata comum, porém, com uma carapaça escura", diz.

O inseto é dotado de presas em sua boca, que contém mandíbulas articuladas, que lembram o ferrão de um escorpião. Outro inseto com uma picada dolorida, segundo ele, é o barqueiro.

Apesar de muitos anfíbios serem inofensivos, há aquelas espécies venenosas e, portanto, demandam muito cuidado no momento de sua retirada da piscina. "Lembrando que esses animais costumam aparecer apenas em casas que têm proximidade com áreas naturais. Na cidade, é muito difícil de acontecer", diz Murilo.

 

Fonte: revistacasaejardim.globo.com