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Piscinas de onda ganham espaço no alto rendimento e na recuperação de atletas
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As piscinas de onda vêm passando por uma transformação importante no imaginário esportivo brasileiro. De estruturas associadas inicialmente à recreação e ao lazer, elas avançam agora para ocupar um lugar estratégico nos treinamentos e na recuperação de atletas de alto rendimento.
Um dos principais nomes do surfe mundial, Gabriel Medina, tem protagonizado essa mudança de percepção. Sócio da Beyond the Club, uma das piscinas de onda localizadas na capital paulista.
Ambiente controlado, recuperação eficiente
Ao invés de retomar os treinos diretamente no mar, o tricampeão mundial optou por um retorno gradual em um ambiente controlado. Ondas com altura e intensidade previsíveis, sessões de tempo delimitado e menor exigência física compõem o cenário ideal para quem precisa reconstruir a confiança e reeducar o corpo após uma lesão.
"Se eu pego um atleta da natação, do vôlei, do atletismo... É tudo mais fácil. Tem horário: treina às 8h, academia às 9h, almoça, descansa, volta a treinar. Com o surfe não tem isso", explicou Alexander Rehder, preparador físico de Medina. Ele destaca que a imprevisibilidade do mar é um desafio real para montar cronogramas de treino, principalmente no período de reabilitação.
Foto: Instagram/@gabrielmedina |
Mais que lazer: laboratório e fisioterapia
A evolução do uso das piscinas de onda não se limita à recuperação. Elas já vinham sendo utilizadas como laboratórios de performance por atletas como Ítalo Ferreira, ouro olímpico em Tóquio, que treina manobras e amplia repertório técnico nesses ambientes. No entanto, o exemplo de Medina acrescenta uma nova camada ao debate: a eficácia das ondas artificiais no processo fisioterapêutico.
“O cara tem dois metros clássicos em Maresias. Como é que você segura?”, questiona Rehder. Em outras palavras, a tentação das condições naturais perfeitas pode comprometer a recuperação. Nesse ponto, a previsibilidade das piscinas se mostra aliada da prudência.
Um modelo que tende a crescer
O Brasil conta hoje com pelo menos três piscinas de onda em funcionamento, todas com tecnologias internacionais, como a Wavegarden e a American Wave Machines. Outras estão em construção. Mesmo com acesso ainda limitado por fatores econômicos, a tendência é que esse modelo de estrutura passe a integrar cada vez mais o ecossistema de alto rendimento.
A piscina não substitui o mar — nem deve. Mas seu valor está em justamente oferecer uma alternativa viável quando o mar, por condições físicas, climáticas ou estratégicas, não é possível. Como ferramenta complementar, as piscinas de onda abrem novas possibilidades para o treinamento técnico, o desenvolvimento de novos atletas e, como mostra o caso Medina, também para a recuperação segura.
Beyond the Club ainda não está em funcionamento. A previsão de inauguração é ainda para 2025, embora a data exata ainda não tenha sido divulgada.
A ANAPP – Associação Nacional das Empresas e Profissionais de Piscinas – acompanha de perto o avanço das tecnologias aquáticas no esporte e reforça seu compromisso com a valorização de soluções que promovam segurança, inovação e desempenho dentro e fora da água.
Guilherme Dorini Colaboração para o UOL
Fonte: www.uol.com.br