24/05/2018

Lutas marciais na piscina: um chute no estresse!


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Redução das calorias, enrijecimento muscular, melhor coordenação motora e equilíbrio para físico e mente são os benefícios das atividades na água.

Por Mauro Boimel

Além de fazer com que a gente re­laxe no calor ou mesmo do estres­se, as piscinas têm um grande valor em uma situação que está ganhando cada vez mais adeptos no Brasil: as lutas marciais na água. O pioneiro desta iniciativa no país foi o professor Fernando Lion, na década de 80. “Comecei com as aulas para poder ter uma evolução nas ati­vidades marciais, as quais sou professor de Muay Thai, Wushu, Sanda e Shuai Jiao (Kung fu moderno e suas vertentes, formas e lutas), além de Kickboxing e Kombato (de­fesa pessoal) ”, conta ele. “E essas evoluções foram muito eficazes para cada tipo de obje­tivo nas artes marciais, pois o risco de lesões é zero e, mais ainda, favorece as técnicas de golpes que, fora da água seriam muito mais complicados de realizar e com maior tem­po de treino. Como costumo dizer, o único ‘adversário’ é a água, onde seus limites a cada aula são superados”, explica. Segundo Fernando, os benefícios destas atividades na piscina são: redução das calorias, enri­jecimento muscular, melhor coordenação motora e equilíbrio completo para o físico e a mente. Diversas academias e clubes no Brasil praticam estas atividades atualmente, e o país já conta com mais de mil adeptos. “Cada um tem seu tipo de treino, pois no sis­tema que criei, onde há Wushu, Muay Thai e Tai Chi só existe no Rio de Janeiro, onde realizo curso sobre o Agualionfighting para professores”. Fernando é professor no Tiju­ca Tênis Clube desde 1999 e também dá au­las na academia Evidence.

 A gerente nacional de Acqua e Kids do Gru­po Bodytech, Paula Toyansk, também destaca as vantagens de se praticar estas atividades na piscina. “Elas melhoram as capacidades físi­cas, como coordenação motora, agilidade e equilíbrio; facilitam a aprendizagem das téc­nicas de lutas, tonificam a musculatura em geral, aumentam a resistência cardiorrespira­tória, auxiliam no emagrecimento, melhoram a mobilidade articular e diminuem o estresse e a ansiedade”, enumera Paula. “Em geral, es­sas atividades são indicadas para adultos de todas as faixas etárias, com diferentes níveis de condicionamento físico, bem como pes­soas que exigem um cuidado a mais, como os idosos. Para iniciar a prática na água, não é ne­cessário já saber as técnicas de lutas; o profes­sor ensinará os principais gestos e adaptará a intensidade dos movimentos para cada aluno conforme suas necessidades”, completa ela.

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Fernando afirma que tudo começou no clube Marapendi na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, onde, no início, só ti­nha as aulas no verão e, posteriormente, com o aumento da procura, foi preciso ter mais aulas durante o ano todo. De acordo com o professor, a altura da água da piscina varia de acordo com quem pratica os exercícios: para os adultos, o ideal é com a água até o peito. Caso tenha crianças (o indicado é a partir dos 8 anos), deve-se praticar em uma área mais rasa da piscina, por segurança. “Não há um período do dia melhor para a sua prática: se for uma piscina ao ar livre, realizar com tempo bom. Ao contrário, em local fechado, o ideal é uma piscina aquecida para maior queima de calorias e podendo fazer em tem­peratura ambiente, onde pode ser treinado em grupo ou com personal, dependendo das condições do local e da opção dos clientes”, descreve Fernando, reiterando. “O Agua­lionfighting consiste em três modalidades de Artes Marciais. No modulo básico e in­termediário, as modalidades aplicadas são: Muay Thai – na primeira parte da aula para aquecimento, técnicas dinâmicas de chutes, socos, cotoveladas e joelhadas (utilização op­cional de pesos). Na segunda parte, o Wushu, onde trabalhamos os chutes saltando, giros de quadril e bastão (macarrão) e, na parte fi­nal da aula, é o Tai chi, para relaxamento e alongamento. A maior procura dos alunos, ocorre pelo treino ser prazeroso, dinâmico, anti-estresse, ou seja, uma aula onde o bem-estar é o melhor resultado do final da aula”, avalia. “No módulo avançado, é onde são rea­lizados treinamentos específicos para atletas de auto rendimento, lutadores de qualquer Arte Marcial. Esta técnica da arte marcial na piscina, foi aplicada em meus alunos de competição, e os resultados foram eficazes, principalmente em períodos pós-lesão, para readaptação. Importante: sempre antes de iniciar a atividade, deve-se trazer um exame médico, o qual é recomendado a cada três meses”, explica. Segundo Fernando, o corpo todo é trabalhado, tanto os membros supe­riores, quanto inferiores, sendo com maior ênfase em pernas, glúteos e abdome. A aula, em média, tem duração de uma hora e o ideal é fazer três vezes por semana. Por ser realiza­do na água e por evitar o alto impacto, não há contraindicação.

“Todas as modalidades de lutas podem ser pra­ticadas na piscina”, afirma Paula, como Boxe, Muay Thai, Kick Boxing, Thai Chi Chuan, entre outras. “Alguns pontos que atraem as pessoas para essas atividades são o crescimento e a divulgação das artes marciais e do MMA pela mídia nacional e internacional. Isso gera uma repercussão po­sitiva entre as pessoas, que ficam curiosas em experimentar e conhecer a modalidade tanto na ‘terra’ como na água. Fora isso, é uma ativi­dade coletiva desafiadora e intensa. Os profes­sores conseguem variar bastante as aulas e pro­por novos movimentos com frequência. Além disso, há equipamentos de lutas feitos para a piscina, como boxing bag, luvas de neoprene, luvas de combate, etc que intensificam o trei­namento. Em geral, há uma incidência grande de pessoas com algum tipo de lesão de coluna, joelhos e tornozelos por diversos motivos. Em função das propriedades físicas da água, como a diminuição do peso corporal e do baixo im­pacto, as pessoas conseguem continuar prati­cando as artes marciais de uma maneira mais prazerosa e confortável, sem a necessidade de interromper o treinamento. Há possibilidade de estratégias variadas e motivantes. Como as artes marciais são compostas de diversos mo­vimentos desafiadores, as pessoas se sentem inseridas no grupo (na tribo), o que gera mais motivação e retenção nas aulas”, explica ela, completando. “Para o treinamento das ar­tes marciais em piscinas, podemos utilizar a seguinte estrutura de aula. Aquecimento: composto por exercícios gerais de ginástica aquática, com ou sem deslocamento, e educa­tivos de golpes que serão utilizados na parte principal da aula. Esta é composta por exer­cícios específicos de lutas, com intensidade de moderada à alta. A intensidade se dá pela progressão desses movimentos, assim como pela combinação entre eles, o que determi­na também a dinâmica da aula. Exemplos de movimentos utilizados na aula (que podem variar de acordo com a modalidade de luta es­colhida): socos: jab, cruzado, upper e gancho; chutes: frontal, lateral, cruzado e com saltos; esquivas e guarda, além de joelhadas. A última parte é a chamada ‘Volta à calma’, composto por exercícios gerais de ginástica aquática de baixa intensidade, com o objetivo de otimizar o alongamento do corpo”, relata Paula.

Se o praticante faz outras aulas “terrestres”, como musculação, bike, corrida, etc, ele pode deixar a atividade na água como sendo a última da agenda de treino dele. “Não há um momen­to do dia mais recomendado para as ativida­des em piscina”, diz. “Isso depende da rotina de cada praticante. Por ser uma atividade bem dinâmica e intensa, algumas pessoas preferem praticá-la de manhã. Assim, elas continuam no pique e com energia para enfrentar o trabalho. Já outras pessoas, preferem praticar no período da noite para extravasar todo o estresse do dia e chegar em casa mais relaxado”, finaliza.

Revista Anapp Edição 133