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Lutas marciais na piscina: um chute no estresse!
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Redução das calorias, enrijecimento muscular, melhor coordenação motora e equilíbrio para físico e mente são os benefícios das atividades na água.
Por Mauro Boimel
Além de fazer com que a gente relaxe no calor ou mesmo do estresse, as piscinas têm um grande valor em uma situação que está ganhando cada vez mais adeptos no Brasil: as lutas marciais na água. O pioneiro desta iniciativa no país foi o professor Fernando Lion, na década de 80. “Comecei com as aulas para poder ter uma evolução nas atividades marciais, as quais sou professor de Muay Thai, Wushu, Sanda e Shuai Jiao (Kung fu moderno e suas vertentes, formas e lutas), além de Kickboxing e Kombato (defesa pessoal) ”, conta ele. “E essas evoluções foram muito eficazes para cada tipo de objetivo nas artes marciais, pois o risco de lesões é zero e, mais ainda, favorece as técnicas de golpes que, fora da água seriam muito mais complicados de realizar e com maior tempo de treino. Como costumo dizer, o único ‘adversário’ é a água, onde seus limites a cada aula são superados”, explica. Segundo Fernando, os benefícios destas atividades na piscina são: redução das calorias, enrijecimento muscular, melhor coordenação motora e equilíbrio completo para o físico e a mente. Diversas academias e clubes no Brasil praticam estas atividades atualmente, e o país já conta com mais de mil adeptos. “Cada um tem seu tipo de treino, pois no sistema que criei, onde há Wushu, Muay Thai e Tai Chi só existe no Rio de Janeiro, onde realizo curso sobre o Agualionfighting para professores”. Fernando é professor no Tijuca Tênis Clube desde 1999 e também dá aulas na academia Evidence.
A gerente nacional de Acqua e Kids do Grupo Bodytech, Paula Toyansk, também destaca as vantagens de se praticar estas atividades na piscina. “Elas melhoram as capacidades físicas, como coordenação motora, agilidade e equilíbrio; facilitam a aprendizagem das técnicas de lutas, tonificam a musculatura em geral, aumentam a resistência cardiorrespiratória, auxiliam no emagrecimento, melhoram a mobilidade articular e diminuem o estresse e a ansiedade”, enumera Paula. “Em geral, essas atividades são indicadas para adultos de todas as faixas etárias, com diferentes níveis de condicionamento físico, bem como pessoas que exigem um cuidado a mais, como os idosos. Para iniciar a prática na água, não é necessário já saber as técnicas de lutas; o professor ensinará os principais gestos e adaptará a intensidade dos movimentos para cada aluno conforme suas necessidades”, completa ela.
Fernando afirma que tudo começou no clube Marapendi na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, onde, no início, só tinha as aulas no verão e, posteriormente, com o aumento da procura, foi preciso ter mais aulas durante o ano todo. De acordo com o professor, a altura da água da piscina varia de acordo com quem pratica os exercícios: para os adultos, o ideal é com a água até o peito. Caso tenha crianças (o indicado é a partir dos 8 anos), deve-se praticar em uma área mais rasa da piscina, por segurança. “Não há um período do dia melhor para a sua prática: se for uma piscina ao ar livre, realizar com tempo bom. Ao contrário, em local fechado, o ideal é uma piscina aquecida para maior queima de calorias e podendo fazer em temperatura ambiente, onde pode ser treinado em grupo ou com personal, dependendo das condições do local e da opção dos clientes”, descreve Fernando, reiterando. “O Agualionfighting consiste em três modalidades de Artes Marciais. No modulo básico e intermediário, as modalidades aplicadas são: Muay Thai – na primeira parte da aula para aquecimento, técnicas dinâmicas de chutes, socos, cotoveladas e joelhadas (utilização opcional de pesos). Na segunda parte, o Wushu, onde trabalhamos os chutes saltando, giros de quadril e bastão (macarrão) e, na parte final da aula, é o Tai chi, para relaxamento e alongamento. A maior procura dos alunos, ocorre pelo treino ser prazeroso, dinâmico, anti-estresse, ou seja, uma aula onde o bem-estar é o melhor resultado do final da aula”, avalia. “No módulo avançado, é onde são realizados treinamentos específicos para atletas de auto rendimento, lutadores de qualquer Arte Marcial. Esta técnica da arte marcial na piscina, foi aplicada em meus alunos de competição, e os resultados foram eficazes, principalmente em períodos pós-lesão, para readaptação. Importante: sempre antes de iniciar a atividade, deve-se trazer um exame médico, o qual é recomendado a cada três meses”, explica. Segundo Fernando, o corpo todo é trabalhado, tanto os membros superiores, quanto inferiores, sendo com maior ênfase em pernas, glúteos e abdome. A aula, em média, tem duração de uma hora e o ideal é fazer três vezes por semana. Por ser realizado na água e por evitar o alto impacto, não há contraindicação.
“Todas as modalidades de lutas podem ser praticadas na piscina”, afirma Paula, como Boxe, Muay Thai, Kick Boxing, Thai Chi Chuan, entre outras. “Alguns pontos que atraem as pessoas para essas atividades são o crescimento e a divulgação das artes marciais e do MMA pela mídia nacional e internacional. Isso gera uma repercussão positiva entre as pessoas, que ficam curiosas em experimentar e conhecer a modalidade tanto na ‘terra’ como na água. Fora isso, é uma atividade coletiva desafiadora e intensa. Os professores conseguem variar bastante as aulas e propor novos movimentos com frequência. Além disso, há equipamentos de lutas feitos para a piscina, como boxing bag, luvas de neoprene, luvas de combate, etc que intensificam o treinamento. Em geral, há uma incidência grande de pessoas com algum tipo de lesão de coluna, joelhos e tornozelos por diversos motivos. Em função das propriedades físicas da água, como a diminuição do peso corporal e do baixo impacto, as pessoas conseguem continuar praticando as artes marciais de uma maneira mais prazerosa e confortável, sem a necessidade de interromper o treinamento. Há possibilidade de estratégias variadas e motivantes. Como as artes marciais são compostas de diversos movimentos desafiadores, as pessoas se sentem inseridas no grupo (na tribo), o que gera mais motivação e retenção nas aulas”, explica ela, completando. “Para o treinamento das artes marciais em piscinas, podemos utilizar a seguinte estrutura de aula. Aquecimento: composto por exercícios gerais de ginástica aquática, com ou sem deslocamento, e educativos de golpes que serão utilizados na parte principal da aula. Esta é composta por exercícios específicos de lutas, com intensidade de moderada à alta. A intensidade se dá pela progressão desses movimentos, assim como pela combinação entre eles, o que determina também a dinâmica da aula. Exemplos de movimentos utilizados na aula (que podem variar de acordo com a modalidade de luta escolhida): socos: jab, cruzado, upper e gancho; chutes: frontal, lateral, cruzado e com saltos; esquivas e guarda, além de joelhadas. A última parte é a chamada ‘Volta à calma’, composto por exercícios gerais de ginástica aquática de baixa intensidade, com o objetivo de otimizar o alongamento do corpo”, relata Paula.
Se o praticante faz outras aulas “terrestres”, como musculação, bike, corrida, etc, ele pode deixar a atividade na água como sendo a última da agenda de treino dele. “Não há um momento do dia mais recomendado para as atividades em piscina”, diz. “Isso depende da rotina de cada praticante. Por ser uma atividade bem dinâmica e intensa, algumas pessoas preferem praticá-la de manhã. Assim, elas continuam no pique e com energia para enfrentar o trabalho. Já outras pessoas, preferem praticar no período da noite para extravasar todo o estresse do dia e chegar em casa mais relaxado”, finaliza.
Revista Anapp Edição 133