27/06/2018

Jardim vertical


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Capaz de embelezar paredes de concretos e de fácil manutenção, é indicado à área de piscinas a partir de estudo prévio do microclima reinante

Por Rúbia Evangelinellis

Eles são capazes de dar vida ao ambiente e podem ser montados até em pequenos espaços próximos à piscina. Modernos e versáteis na sua concepção, os jardins verticais são opções de decoração rápida, de padrão estético, proporcionam relativo isolamento acústico e bem-estar ao transformarem cantos esquecidos e paredes nuas de concretos em cenários que remetem aos encantos da natureza.

Gica Mesiara é especialista no tema. Antes mesmo de abrir a Quadro Vivo, com a proposta de trazer o verde para a cidade, preenchendo espaços concretados. “Passei sete anos desenvolvendo a técnica de plantio em verticalidade até chegar ao resultado que me agradasse, considerando durabilidade, qualidade, estética e facilidade de manutenção”.

Para ela, esses são os requisitos importantes para serem observados quando se decide pelo jardim vertical para evitar problemas depois da instalação. Adepta da linha que defende a sustentabilidade do meio ambiente, ela defende um sistema de plantio natural, livre de adubo químico, e que acrescente benefícios até para a saúde, além de embelezar o ambiente: “Quando a pessoa instala um jardim próximo à piscina, tem ali uma ilha de benefícios, desde que as plantas estejam em equilíbrio e respondam a técnica de plantio. ”

Critério

Para montar um jardim vertical não basta definir quais espécies que se desenvolvem no sol ou na sombra. Segundo informou, é necessário fazer uma avaliação do microclima reinante no ambiente, considerando impacto do sol, sombra, ventilação, umidade e se o local está exposto à maresia, entre outros aspectos. “A samambaia, por exemplo, vai bem na sombra, mas não gosta de vento. E se no ambiente tem uma leve brisa, precisa ser mais irrigada”.

A paisagista desenvolveu um sistema, batizado de Fito Filtro, que vai além de proporcionar um jardim decorativo. Estimula e potencializa a capacidade das plantas de “comer poluição”, ou seja, a depuração do ar. “Aprendemos na escola que as plantas têm a capacidade de purificar o ar, retirando o CO2. Mas, na verdade, elas conseguem extrair mais de 900 gases que estão na atmosfera. São os compostos orgânicos voláteis, poluentes, prejudiciais à saúde e alguns até cancerígenos. Estão presentes em nosso cotidiano, dentro e fora de casa”.

Segundo informou, as plantas combatem esses males, desde que estejam em condições adequadas, adaptadas ao ambiente. “Na verdade, o que faz a quebra desses gases poluentes é a simbiose entre plantas, bactérias e fungos que residem no substrato, na terra onde estão plantadas. Outra vantagem desse sistema é a redução da necessidade de adubação, o que facilita a manutenção e reduz o risco de poluição do lençol freático”, observa.

A tecnologia consiste na escolha adequada das espécies para o ambiente. Ela alerta para o fato de que quando você coloca uma planta de sol na sombra, por exemplo, além de não fazer a fito remediação (técnica que consiste no uso de plantas para diminuir a poluição do solo, água e ar) pode levar a um “processo degenerativo” e, muitas vezes, gerar uma ação inversa, com o surgimento de fungos e bolores. Gica desenvolveu o software Planta

Certa, que faz o mapeamento do ambiente e ajuda na escolha da espécie que vai se adaptar no microclima da piscina ou de outro lugar que será instalado o jardim vertical.

Controle da água

O programa calcula ainda a rega do jardim, para proteger as bactérias que fazem a quebra dos gases poluidores e são intolerantes ao encharca mento e a secura. Se a colônia das bactérias sofrer a degradação, ela não cumpre o seu papel. “Por isso, é importante fazer a precisão na hidratação, avaliando o que a planta consome e o microambiente, observando ventilação, exposição ao sol e outro aspecto. Esse sistema também evita o desperdício de água”.

A paisagista também desenvolveu suportes com design diferenciado, em formato de cápsulas de plástico de alta resistência (com proteção UVA e UVB) e adequados para a área de piscinas, onde a irradiação solar é grande.

“Nesse tipo de local é importante ter um material forte, para evitar que se quebre, caia e provoque algum tipo de acidente. A nossa porta plantas tem um formato apropriado para o desenvolvimento da planta, com aeração e drenagem de segurança que, em caso de chuva ou de alguém mexer na programação e disparar o processo de regar, não permite o encharca mento”. Esse processo de drenagem, acrescenta, permite a entrada do ar trazendo o oxigênio e as moléculas dos gases poluidores para que sejam degradadas e gerem nutrição para as bactérias.

Outro cuidado foi o desenvolvimento de uma terra especial (com um PH considerado ideal e granulatura especial), a partir do estudo das necessidades dessas bactérias.

“Quando eu consigo juntar a planta ideal, o sistema de regar com equilíbrio, design do pote e substrato especial, obtenho as condições para que as bactérias façam o trabalho de quebrar a poluição e transformem isso em adubo para a planta, que fica linda e sem necessidade de excesso de adubação.

Dicas para instalar e cuidar do jardim vertical

  • Escolha a planta adequada ao ambiente de piscina, considerando exposição ao sol, umidade, corrente de vento e outros aspectos da natureza.
  • Prefira as plantas que não liberem muita folhagem. Se escolher decorar com flores, saiba que são perenes e liberam pétalas.
  • Como o ambiente da piscina tem tendência de ser úmido, observe também as espécies mais indicadas e ajuste da rega.
  • Evite regar o jardim no pico do sol e também à noite, para evitar a proliferação de fungos. Prefira o período da manhã.
  • Saiba que não há espaço mínimo determinando para instalar um jardim vertical.
  • Para evitar acidentes, como queda de vasos, opte por produtos de qualidade (especialmente na escolha do suporte e vasos). Instalado o jardim, faça a manutenção simples e periódica do sistema de rega como, por exemplo, mantendo a limpeza do filtro de água.
  • No caso da poda, mantenha a frequência e evite o acúmulo de folhas amarelas, que atraem fungos e inibem o desenvolvimento da planta. A Quadro Vivo recomenda poda a cada três meses.
  • No caso da adubação orgânica e mineral, que não agride o meio ambiente, é recomendada uma vez por ano, como reposição preventiva de nutrientes.

Fonte: Revista ANAPP Edição 138