03/10/2023

Jardim na piscina


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Escolha de árvores e plantas deve levar em contar senso estético e local seguro para instalação

Por Rúbia Evangelinellis

Engana-se quem pensa que é uma tarefa fácil decorar o entorno da piscina com plantas, árvores, pés de frutas e outros elementos da natureza. É preciso ter senso estético, saber escolher as espécies e o local que vai recebê-las, como forma de garantir um ambiente harmonioso, fresco, sombreado, seguro, livre da sujeira proveniente do excesso de folhas e de insetos.

Diante da necessidade de avaliar vários aspectos técnicos, o ideal seria que o espaço destinado à vegetação já fosse considerado por quem fez o projeto da área de lazer, explica a presidente da Associação Nacional de Paisagismo (ANP), Eliana Azevedo, que dá dicas de como combinar os elementos naturais e manter um espaço de lazer agradável.

Para as piscinas tradicionais, que têm a vegetação ao redor, é interessante reservar uma área gramada ampla, a partir de cinco metros, nas proximidades da piscina e da churrasqueira, onde há um movimento maior de pessoas e que abriga móveis. “Para além do tapete verde, que garante a estética do ambiente e útil na área de lazer, pode-se pensar no plantio de árvores que proporcionam sombra e provocam um movimento na vertical”, explica.

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Evite a sujeira

No caso das populares palmeiras e coqueiros, Eliana alerta para o cuidado na escolha, como forma de evitar as espécies que dão muitos cachos e exigem um controle maior, para garantir a limpeza do local e evitar acidentes. “O coco, por exemplo, deve ser retirado ainda verde. No caso das palmeiras, recomendo ainda a escolha pelos tipos que não possuem muitos cachos de coquinhos e flores, que sujam a piscina. É o caso da Seafórtia, nativa de Austrália, que atrai pela beleza, mas que tem também característica invasiva”, observa.

A paisagista prefere as palmeiras nativas do Brasil, como a Juçara, oriunda da Mata Atlântica, de tronco fino e alto (com diâmetro de 15 cm), aspecto rústico e resistente, que não dá cachos grandes, indicada para a área de piscina e capaz de atingir a altura de 15 metros. Outra espécie também recomendada é a popularmente conhecida como Rabo-de-Raposa, originária da Austrália, que proporciona pequena sombra.

Para quem prefere árvores com sombras “generosas”, são indicadas espécies não-caducas (as caducas soltam folhas mais facilmente e exigem limpeza mesmo em dias frios) e de raiz pivotante, cuja parte central cresce para baixo do solo, no sentido vertical, e não se espalha. O local indicado para o plantio deve estar contrário ao vento e respeitar uma distância aproximada de sete metros da piscina. Entre as sugestões para decorar o jardim estão o Jasmim-Manga, de pequeno porte e com flores perfumadas, e a exótica Magnólia.

Eliana recomenda ainda árvores frutíferas, como os pés de jabuticaba, pitanga, romã para quem tem um bom espaço (respeitado uma distância de 10 metros da margem da piscina) e o plantio de frutas cítricas, que são ornamentais e podem decorar vasos grandes, como o limoeiro:

Eliana Azevedo prefere as palmeiras nativas do Brasil

“O limão siciliano é ornamental e interessante para se ter perto de área gourmet, principalmente quando pensamos em uma caipirinha. ”

Tendência

Perguntada sobre o que dita a moda no paisagismo no mundo, Eliana lembra Burle Marx, mestre no tema e que dizia que não existem plantas feias, mas sim mal agrupadas.

Na sua avaliação, o que conta hoje é a mudança de paradigma, aflorando o conceito da beleza natural nos jardins, sem a excessiva intervenção do homem. Sai de cena o modelo de paisagismo francês, de formatos geométricos e simétricos, dando contornos e formatos às plantas como se fossem telas plásticas. “O futuro está focado na harmonia entre o homem a natureza, no respeito às formas naturais das plantas.

O paisagismo reflete o movimento da sustentabilidade, de valorização do meio ambiente, mantendo a estética do que já nasceu belo”, explica.

E dentro dessa “nova ordem mundial”, a poda deve ser feita, sim, para dar vigor às plantas, mantendo o formato original. E para criar um cenário harmonioso, instigante, que reflita movimento orgânico e profundidade, especialmente em espaços pequenos, distribua a vegetação na área de lazer, use desenhos curvilíneos, pelos quais a vegetação avança um pouco e depois recua.

Fonte: Revista ANAPP Edição137