22/02/2024

Comissão aprova medidas que protegem crianças de afogamento em piscinas


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A Comissão de Direitos Humanos (CDH) aprovou nesta quarta-feira-feira (21) projeto de lei que obriga medidas específicas de segurançaa voltadas para a prevenção do afogamento infantil em piscinas ou similares. Inclusive em ambientes domésticos.

Jussara leu relatório de Izalci com emenda que deixou mais claras as exigências para dar maior segurança às piscinas frequentadas por crianças

Segundo o texto, essas medidas incluirão requisitos de orientação aos usuários, de segurança dos ambientes, de treinamento de pessoas, de sinalização, de instalação de barreiras físicas e de implantação e utilização de equipamentos de segurança, conforme regulamento.

O PL 1.944/2022, apresentado pelo senador Eduardo Gomes (PL-TO), recebeu parecer favorável pelo relator, senador Izalci Lucas (PSDB-DF), e segue para análise terminativa na Comissão de Fiscalização e Controle (CTFC). O parecer foi lido pela relatora ad hoc Jussara Lima (PSD-PI).

A proposta altera a Lei 14.327/2022, que trata sobre requisitos mínimos de segurança para a fabricação, a construção, a instalação e o funcionamento de piscinas ou similares, e sobre a responsabilidade em caso de seu descumprimento.

“A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta que, diariamente, morrem cerca de 480 crianças por afogamento em todo o mundo. De acordo com a entidade, no Brasil, essa é a segunda maior causa de mortes nas idades entre 5 e 14 anos e a terceira maior causa externa de mortalidade. Ainda segundo a SBP, o problema poderia ser evitado com medidas de prevenção, pois 89% dos casos ocorrem por falta de supervisão das vítimas", explica o autor.

Mortes em casa

Por meio de emenda ao texto, o relator acolheu sugestões apresentadas em audiência pública realizada em junho de 2023, a fim de contribuir na redução das mortes e sequelas causadas nos casos de afogamento infantil. A emenda acrescentou ao texto original a observação de que as futuras normas terão de se aplicar não só a piscinas, mas equipamentos "similares, inclusive de uso doméstico".

Durante audiência pública na própria CDH em 30 de junho de 2023, o salva-vidas e gestor de Segurança Aquática, Alexsandro Simões Silva, do Rio de Janeiro ressaltou: quatro crianças morrem afogadas por dia no país, sendo três em residências. Como cada estado tem sua normatização sobre o tema, Silva defendeu uma regulação nacional sobre o assunto. Com 25 anos de experiência, ele considera que todas as esferas de governo e a sociedade têm responsabilidade no problema. E pediu a promoção de campanhas educativas, além da efetivação de uma lei que ajude a combater essas ocorrências. 

— Antes da pandemia, o afogamento era a segunda causa de morte em crianças de até cinco anos. Após a epidemia, passou a ser a primeira causa. A cada três dias, uma morre afogada em casa. Essa norma, então, é de fundamental importância. Quem está na linha de frente sabe como é difícil, porque afogamento não é acaso e pode ser evitado com [medidas de] prevenção — alertou na época o profissional.
— É importantíssimo esse projeto para nós que somos pais e avós. (...) Geralmente, a criança se afoga porque o adulto está ocupado com alguma outra coisa — afirmou a senadora Leila Barros (PDT-DF).

Veja quais podem ser as novas exigências para responsáveis por piscinas e o poder público:

  • Instalação de barreiras físicas entre as piscinas infantis e aquelas destinadas a adultos;

  • Fixação de quadros ou cartazes com informações sobre como prevenir e lidar com afogamento e avisos que desestimulem o uso de celulares, a leitura de livros e quaisquer outras atividades que facilitem a distração em torno da piscina ou similar;

  • Campanhas sobre educação aquática;

  • Apoiar e estimular aulas de natação para crianças com até cinco anos e a disseminação de técnicas e medidas de segurança e sobrevivência aquáticas;

  • Estabelecer, em regulamento, requisitos de orientação aos usuários, de segurança dos ambientes, de treinamento de pessoas, de sinalização, de instalação de barreiras físicas e de implantação e utilização de equipamentos de segurança.

 

Fonte: Agência Senado