04/10/2017

Cielo festeja volta após quase se aposentar e prevê medalha de ouro.


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Vice-campeão com o revezamento 4x100m no Mundial de Budapeste, em julho, nadador confia em título para 2018.

A vida esportiva de Cesar Cielo tem sido de altos e baixos desde abril do ano passado. Da não classificação para a Olimpíada, passando por uma quase aposentadoria no fim da temporada, até chegar na medalha de prata história no revezamento 4x100m no Mundial de Budapeste, disputado em julho, na Hungria. O atleta de 30 anos, único campeão olímpico do país na história da natação, vai seguir forte nos treinos para o ano que vem, quando tentará, junto com o time brasileiro, o ouro no Mundial em piscina curta, que será em dezembro. Esse é o grande objetivo para o próximo ano:

– Dei uma aumentada no volume de treino, a ideia é não perder o ritmo que peguei para o Mundial. Não quero deixar esse andamento de evolução e motivação parar. Em 2018, a prata do revezamento pode virar ouro. Estamos com uma equipe muito boa, podemos dar o salto – disse.

A temporada de 2018 tem duas grandes competições. O Pan-Pacífico, disputado em piscina olímpica (50 metros), e que contará com as presenças de Estados Unidos, Austrália e Japão, mas não terá os europeus, e o Mundial em piscina curta (25 metros), que será no fim do ano. Para Cielo, a prioridade é o Mundial, evento no qual ele tem dez medalhas no currículo, conquistadas entre 2004 e 2014:

– Meu foco é no Mundial de (piscina) curta, uma competição que adoro nadar. O Pan-Pacífico ainda vou ver as datas, estudar o que vai ser melhor, mas o Mundial eu quero ir, com certeza – disse o atual campeão da prova nos 100m livre e vice nos 50m.

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Cielo ficou fora da Olimpíada do Rio de Janeiro, passou nove meses sem treinar, mas voltou às piscinas em fevereiro deste ano, disputou o primeiro torneio em março, conseguiu índice para o Mundial durante o Maria Lenk, em maio. Na Hungria, foi finalista dos 50m livre, ficou em oitavo, e ajudou a equipe a levar a prata no revezamento 4x100m livre.

– Fiquei muito feliz com minha volta, consegui bons resultados. Ainda vejo muita janela de melhora, voltei a ser competitivo, mas tenho muito o que melhorar. Agora é continuar nessa pegada, ajudar o revezamento e buscar grandes metas. Nos 50m livre, o pódio no Mundial foi um tempo que já fiz, então sei que estou na briga – disse ele, recordista mundial com 20s91 (feito com trajes) e já anotou 21s32 sem ajuda dos maiôs tecnológicos.

Treinando no Esporte Clupe Pinheiros e tomando conta de um projeto que leva o seu nome, Cielo sabe que, aos 30 anos, tem outros objetivos na carreira além de nadar o mais rápido possível:

– Hoje mudei meu papel. Além de nadador de performance, tem meu lado mentor, meu lado professor. É um papel que eu estou buscando e conseguindo fazer. Treinando com atletas de 20, 21 anos. Tento passar tudo o que eu sei para todos. Quero que essa transição de geração seja natural – disse, se referindo a nomes como Gabriel Santos, que esteve na Olimpíada, e Luiz Gustavo Borges, filho do medalhista olímpico Gustavo Borges, que treinam com ele no Pinheiros.

Os últimos 15 meses da natação brasileira foram uma montanha russa. Na Olimpíada do Rio, o Brasil saiu sem medalha na piscina, meses depois a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) viu seu principal patrocinador diminuir os recursos drasticamente. No início deste ano, quatro dirigentes, inclusive o presidente da entidade por quase 30 anos, Coaracy Nunes, foram presos (já estão soltos).

Aí, desde maio, as águas começaram a ficar mais calmas. Os nadadores foram bem no Maria Lenk e a seleção foi forte para o Mundial. Na Hungria, os atletas conquistaram oito medalhas, cinco nas piscinas e três nas águas abertas, segunda melhor campanha da história. Nas eleições, a chapa de oposição, com Miguel Cagnoni, venceu, mas a FINA (Federação Internacional de Natação) ainda não protocolou o resultado.