04/04/2017

Cadeirantes ganham independência com sobrado e piscina adaptados


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Quando a advogada Wanessa Magnusson de Sousa, 39, ficou paraplégica, em um acidente de moto em 2011, morava com um amigo no sobrado dele, na Chácara Santo Antônio, na zona sul paulistana. Lá, continuou por dois anos, utilizando só o térreo e contando com a ajuda da mãe, que veio de Ribeirão Preto (interior de SP). Em 2013, decidiu morar sozinha: ela queria uma casa térrea, mas as que encontrou eram grandes e caras. Acabou optando por outro sobrado, de 96 m², no mesmo bairro.

A primeira providência foi instalar um elevador, que vai da cozinha a um dos quartos do primeiro andar, além de rampas de acesso entre a garagem e o interior da casa. Com essas modificações iniciais, ganhou autonomia suficiente para, como costuma brincar, “mandar a mãe embora”. A instalação do elevador não foi fácil. “Durante a obra, com o peso da máquina, a estrutura da casa começou a ceder. Foi preciso construir uma sustentação de aço”, lembra.

Agora, com a ajuda de um amigo designer, Leonardo Di Caprio, ela está encarando uma reforma completa: a parte de cima, com o seu quarto, o de hóspede (onde está o elevador) e o banheiro, já está pronta. Tomadas foram instaladas mais para cima, e interruptores, para baixo, e colados aos batentes das portas (todas alargadas), de forma que ela consiga acessá-lo na passagem, sem precisar fazer uma curva no escuro.

Acessibilidade e estética também se aliaram na reforma da piscina do empresário Aparecido de Souza Espinasse, 50. Cadeirante há 15 anos, em consequência de um tiro em uma briga de trânsito, ele mora em uma casa térrea, em um condomínio em Jandira (Grande SP), com a mulher e dois filhos. A área externa, com churrasqueira e a piscina, aquecida, é seu pedaço. “Chego do trabalho e vou para lá nadar, fazer um churrasco e tomar um vinho.” Com a reforma da piscina coordenada pela designer Inaie Cardozo, ele não precisa mais da ajuda para entrar ou sair da água. Como o terreno tem um declive, ele segue por um rampa até as bordas, onde há um local em que a cadeira é estacionada. Revestida por um material com base em cimento atérmico da Costellato, a borda é elevada, formando um banco na altura ideal para a transferência da cadeira. Na parte interna, com pastilhas azuis, há degraus de alvenaria, para a entrada ser gradual, e uma parte rasa para descansar. Corredor de kart, costuma se definir como 100% ativo. “Eu faço tudo. Só não ando.”

 

Fonte: Folha Uol