21/05/2019

Xô, Lama


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Especialista explica o que fazer quando o barro contamina a água e recomenda, como prevenção, a construção de muro de arrimo

por Rúbia Evangelinellis

A chuvarada que marcou o verão provocou estragos, como alagamentos que empurraram muita sujeira para dentro de piscinas. Entre os casos que chamam a atenção está o do clube São Paulo, localizado no Morumbi, na Zona Sul da capital paulista. Um muro cedeu e a área social foi inundada, a ponto de precisar ser interditada para limpeza e reparos. O complexo aquático virou um tapete de lama, numa cena que impressiona, com espreguiçadeiras e toboágua revirados e toda a água contaminada. Diante de um estrago dessa ordem, que pode acontecer inclusive com quem tem piscina na residência, em sítios, casas de praia ou outro local de lazer doméstico, vêm aquelas questões que só um especialista pode responder. Como evitar esse problema? O que fazer com a piscina? Como retirar a lama? E a água ali depositada, tem recuperação?

Tomando como base o que aconteceu no Clube São Paulo, ainda que esteja em área urbana, o ponto em que fica a sede social e as piscinas é o mais baixo do bairro. Por isso, quando chove muito, recebe toda água que desce da vizinhança. Nem mesmo o muro, construído para conter a água que vem do córrego, conseguiu sustentar-se em pé. Forlenza, que presta consultoria para o clube, explica que essa foi a terceira vez (e a pior) que o São Paulo é alagado. “Para você ter ideia, no portão sete, na área social, a água chegou a dois metros de altura”, lembra. Nesse caso, a solução seria a construção de um piscinão nas proximidades. Voltando à questão do lamaçal que invadiu o complexo aquático, a melhor solução para limpar a área é descartar os cinco milhões de litros cúbicos de água, considerada uma medida mais viável do ponto de vista econômico e de tempo. “O custo é muito alto com produtos para decantar a água e com o pessoal para trabalhar no local”. Para reduzir o risco de um acidente desse tipo, Fábio Forlenza, mais conhecido como professor Piscina, recomenda a construção de um muro de arrimo, de cerca de 2,10m, nos casos em que a piscina está próxima de barranco. “Mas o problema é que a maioria das pessoas não faz o muro resistente, que possa segurar a lama. E prefere um muro mais baixo, de cerca de 1,5 metro, estético, que permite contemplar a natureza, olhar a grama, flores, pomar, a vegetação, no momento de lazer”, explica.

Piscina Residencial

No caso de piscina residencial, guardando as devidas proporções, o descarte de água também facilita, acelera os procedimentos e custa menos. Isso porque é preciso considerar que para recuperar haveria uma perda de 30% a 40% no volume ali depositado (com a drenagem da sujeira). E também a necessidade de ter um profissional trabalhando na limpeza por, no mínimo, uma semana. Em um processo por etapas, primeiramente teria de se fazer o tratamento químico, até chegar ao resultado de limpidez adequado, para depois começar a faxina física, do tanque. “Agora, se jogar a água fora, seriam dois dias para esvaziar e dois dias para encher a piscina. Com ela vazia, é mais fácil para esfregar, enxergar melhor a sujeira”, avalia. Para quem prefere recuperar a água é preciso, na etapa inicial, decantar o barro, e elevar o PH, com a adoção de floculante/clarificante/

decantador combinado com barrilha leve. Em seguida, ligar o motor para que o produto recircule por toda a água (existe o risco de entupir o sistema). Depois, será preciso desligar o filtro para ver a precipitação e esperar (por 12 horas ou mais). Caso não se atinja o nível desejado no período, o especialista recomenda a repetição do processo até que a piscina se apresente mais límpida e o barro,

condensado. A partir daí, deve-se passar o aspirador lentamente para sugar o barro do fundo. “Se a piscina é pequena (até 10 mil litros), e a pessoa não tem pressa, pode optar por esse procedimento”, diz. Ele lembra, porém, que ao esvaziar a piscina, não será necessário fazer a decantação. Basta ligar o motor, com registro de ralo de fundo aberto, e a água barrenta vai para o esgoto. “Com buchinha e mangueira de jardim, a pessoa limpa e enche o tanque”, orienta. Acostumado a prestar assessoria em casos de piscina contaminada, Forlenza faz parte da equipe técnica da Hth, marca de produtos químicos para tratamento da água. Ele ressalta a importância de as piscinas receberem tratamento regular. E, preferencialmente, serem cobertas com capa, quando não são usadas com frequência.

Fonte: Revista ANAPP Edição 144