30/09/2020

Xô, Covid-19


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Especialistas recomendam cautela na retomada das atividades na área de piscina e destacam a importância de evitar aglomeração e usar máscaras

Com a flexibilização da quarentena em algumas regiões, academias, clubes e condomínios começam a receber sinal verde para retornarem as atividades ou reabrirem, com restrições, áreas de lazer. Mas, nem por isso, o risco de contágio de Covid-19 é menor e os cuidados de proteção permanecem no topo da lista de recomendações dos especialistas.

Em relação à limpeza na área de piscina, a orientação é para que seja feita com capricho para evitar contágio no entorno, corrimões, escadas, rampas, banheiros e vestiários. A água deve estar sempre tratada (com produtos químicos e limpeza mecânica), seguindo os critérios tradicionalmente indicados.

O biomédico Roberto Martins Figueiredo, também conhecido como doutor Bactéria, explica, porém, que não há registro de transmissão do novo coronavírus pela água (de piscina, mar ou rio).

“O problema está no risco de aglomeração de pessoas no ambiente. Tem condomínio com bastante moradores, que estão dentro de casa, sem poder sair. E num dia de sol podem provocar a aglomeração na piscina, sem respeitar o distanciamento de 1,5 metro entre as pessoas”, destaca.

Segundo informou, não há problema de contágio em ambientes abertos, desde que as pessoas sigam as recomendações de proteção criteriosamente e evitem a aproximação, o que exige um permanente estado de vigilância.

No caso de ambientes fechados, com a emissão de vento por ar-condicionado, o perigo de contágio é maior, especialmente se as pessoas falam alto e, com isso, aceleram a emissão de gotículas de saliva.

Já em relação ao uso de máscaras, o especialista alerta para o fato de que nem todos seguem a orientação de uso, após sair da piscina. “E, o que é pior, podem usar a máscara para reservar a cadeira na piscina (ao alcance de outras pessoas, inclusive de crianças). Por isso, acredito ainda não é momento de liberar a área social, como playground, brinquedoteca, sala de leitura, espaço fitness”.

Para o especialista, é preciso considerar que ainda “estamos em guerra” contra a Covid-19, sem ter como defesa remédio ou vacina. “O H1N1 mata tanto ou mais do que o coronavírus, com uma pessoa contaminando outras três. O sarampo mata muito mais do que os dois, sendo que uma pessoa infectada pode contaminar outras 20. A diferença é que tem vacina para combater H1N1 e sarampo”, alerta.

 

Procedimentos e grupos de risco

A Associação Brasileira de Academias (Acad) estabeleceu procedimentos que devem ser adotados no retorno às aulas de natação e de hidroginástica. O protocolo tem como base as ações de diversos países, que já superaram o pico da pandemia, e medidas aprovadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Entre elas estão a medição de temperatura de funcionários e alunos por termômetro digital, antes do ingresso no local; uso de máscaras (fora da piscina); disponibilização de álcool em gel (70%) e uso de chinelos e toalhas que devem ser guardadas em cabides individuais. Quando o aluno estiver em atividade na água, deve-se respeitar o distanciamento de 1,5 metro.

A infectologista Sylvia Lemos, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, demonstra maior preocupação com a forma em que será ministrada a aula de hidroginástica, especialmente para idosos e pessoas do grupo de risco. “É preciso considerar que muitos utilizam bengala, andador, carregam sacolas e possuem uma interação diferente, que vai além dos exercícios, e que é também cognitiva e de socialização. Temos de ver esse grupo com olhar diferenciado”.

 

Fonte: Revista ANAPP Edição 152