17/07/2019

Voo de campeão


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Instituto Pro Brasil, dirigido por atletas olímpicos, investe em saltos ornamentais e conquista títulos e medalhas

Por Sergio Kapustan

No momento em que o Brasil atravessa dificuldades, é da piscina que vem o exemplo de que é possível, sim, superar desafios, como mostra o Instituto Pro Brasil. Por meio do esporte, o IPB dá suporte a jovens praticantes de saltos ornamentais alcançando grandes resultados, dentro e fora da água. Aliando técnica e beleza, o salto ornamental é individual, sendo dividido em seis grupos e dura em média dois segundos, considerando desde o momento em que o atleta deixa o aparelho até a entrada na piscina. As diversas acrobacias com o corpo durante o "voo" até a água são a graça da modalidade esportiva. Fundado há 16 anos, o instituto funciona na Universidade de Brasília (UnB) e  apoia o desenvolvimento da modalidade esportiva centenária. Em parceria com a Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania, Comitê Olímpico do Brasil e UNB, o instituto mira a formação de atletas e conquistas na piscina. Atende atualmente cem jovens que se preparam no Centro de Excelência de Saltos Ornamentais da UNB e no Parque Aquático Maria Lenk, administrado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), no Rio de Janeiro. A UnB atende 70 atletas e o Maria Lenk, 30. Sua direção afirma que é a agremiação que mais investe no País com um saldo bastante positivo. Com apoio do governo federal, foi possível construir a unidade de treinamento da UnB e contratar dois técnicos estrangeiros: o chinês Junbai Li e o colombiano Oscar Urrea. Os resultados estão aparecendo: o IPB conquistou o título brasileiro de saltos ornamentais de todas as categorias de base (até 18 anos) ampeão do Troféu Brasil, a principal competição nacional na modalidade adulta (a partir de 18 anos). Atletas serviram à seleção brasileira com resultados expressivos para a instituição, além de colocar o Brasil no top da América do Sul, superando Colômbia e Peru. O campeonato Sul Americano Júnior, por exemplo, disputado em Lima (Peru), no ano passado, contou com 12 saltadores - nove do IPB. A seleção conquistou 22 medalhas, sendo que 21 destas foram por atletas do instituto, o que contribuiu para o Brasil obter o título por equipe, fato que não acontecia há mais de 15 anos. Além disso, cinco atletas foram classificados para os Jogos Pan Americanos de Lima, de 29 de julho a 9 de agosto, entre os oito selecionados. Para o Mundial de Esportes Aquáticos da Coréia do Sul, disputado de 12 a 20 de julho, sete dos nove classificados são do IPB. Entre os destaques, estão Luís Felipe Moura e Kawan Pereira, ambos com apenas 16 anos de idade, já convocados. No grupo dos mais experientes, destaca-se Isaac Souza, um dos atletas mais cotados para representar o Brasil nos Jogos de Tóquio 2020. Integram ainda a seleção adulta os atletas olímpicos Giovana Pedroso e Tammy Galera.

Trio vencedor

À frente do projeto vitorioso estão o técnico Ricardo Moreira e os atletas Hugo Parisi e César Castro. O trio une a paixão pelo salto, disputando competições internacionais, à especialização na gestão esportiva. Ricardo foi técnico da Seleção Brasileira  de Saltos Ornamentais de 2002 a 2017, tendo participado de quatro Olimpíadas: Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016, contribuindo para o Brasil alcançar os principais resultados da história da modalidade. Hugo iniciou nos saltos ornamentais aossete anos de idade. Éconsiderado o melhor

atleta na plataforma de 10 metros de todas as modalidades no País participando das últimas quatro Olimpíadas. Conquistou diversas medalhas em etapas do Circuito Mundial e esteve entre os dez melhores atletas do ranking mundial na modalidade. César é considerado o melhor atleta de saltos ornamentais do Brasil em todos os tempos no trampolim de três metros. Também participou das últimas quatro Olimpíadas, sendo finalistano Rio e em Atenas. É o atleta brasileiro  que mais conquistou medalhas em etapas do Circuito Mundial, além de medalhas em Jogos Pan Americanos.

A roda nunca para

Ao apresentar o trabalho, os dirigentes comentam que é uma forma de retribuir todo o aprendizado que receberam quando foram atletas, apoiar as novas gerações e aproveitar o legado da Rio 2016, principalmente a estrutura dos equipamentos esportivos. "A roda nunca para. Fizemos o caminho natural: da piscina para a gestão esportiva, nos especializando. Buscamos depois parcerias para dar oportunidades aos jovens", afirma Hugo Parisi. Presidente da Confederação Brasileira de aprendizado que receberam quando foram atletas, apoiar as novas gerações e aproveitar o legado da Rio 2016, principalmente a estrutura dos equipamentos esportivos. "A roda nunca para. Fizemos o caminho natural: da piscina para a gestão esportiva, nos especializando. Buscamos depois parcerias para dar oportunidades aos jovens", afirma Hugo Parisi. Presidente da Confederação Brasileira de Saltos Ornamentais (CBSO), com oito clubes e formada há dois anos para dar mais dinamismo à modalidade, Ricardo Moreira destaca a importância de formar atletas: “Só com investimentos na formação é que será possível tornar o Brasil uma potência no esporte. Por isso, o nosso foco é a base.”. Os dois reforçam que a atenção especial para a formação e capacitação de treinadores para, assim, se aproximar de países mais competitivos, como Estados Unidos, Rússia e China. “Temos vários atletas com potencial e estrutura de treinamento muito boas. São o nosso legado olímpico. Mas faltam investimentos técnicos para que a infraestrutura disponível seja melhor aproveitada”, encerra Hugo Parisi.

Fonte: Revista ANAPP Edição 145