24/02/2022

Segurança com ralos de fundo


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Embora ralos de fundo sejam tidos como os grandes vilões no que se refere a problemas de segurança em piscinas, vale lembrar que estes dispositivos por si só não são os únicos responsáveis pelos acidentes. Isso porque estes dispositivos, juntamente de coadeiras (skimmer), tubulações e motobomba, fazem parte de um “sistema de filtração/aspiração” que deve ser adequadamente dimensionado para um correto funcionamento dentro do que determina a boa técnica, atendendo uma série de regras importantes para que a água seja succionada com pressão correta pela bomba, direcionada ao filtro e depois reintroduzida na piscina pelos bocais de retorno.

Acidentes com ralos de fundo podem acontecer com qualquer pessoa, mas geralmente as mulheres são mais afetadas por conta do comprimento dos cabelos. Isso porque, quando os fios se enroscam na grade do ralo, não adianta desligar a bomba. Além de se assegurar de que a piscina foi bem projetada, esse tipo de problema pode ser evitado de forma simples e prática co m o uso de uma touca, por exemplo.

Por isso, devido ao longo histórico de acidentes, em 2015 os cuidados foram intensificados no Brasil, quando a ABNT reuniu sete normas antigas em uma única, incluindo a de segurança em ralos de fundo. Essa norma foi sancionada como ABNT NBR 10.339/2018. Outras duas soluções possíveis e eficientes previstas no novo normativo são o botão de pânico e a tampa automática de fechamento no bocal de aspiração.

Quanto às características dos ralos, existe uma diferença entre os modelos anti-vórtice e anti-aprisionamento. O primeiro protege apenas a bomba contra a entrada de ar, enquanto o segundo protege o usuário. Além disso, os ralos de fundo com tampas abauladas e entrada de ar entre a grade e o piso da piscina são mais eficientes em evitar acidentes com ralos de fundo.

Para aumentar a proteção, também houve mudança da máxima velocidade da água na grade do ralo de fundo, que caiu de 0,6 m/s para 0,5 m/s. Quanto às aberturas máximas na grade, a ABNT realizou uma modificação significativa, passando de 10 mm para 0,7 mm e, também, exigindo que novas instalações devem conter 2 ralos de fundo com espaçamento mínimo entre estes de 1,5m.

A norma exige também como ação adicional a instalação de avisos de advertência e indicação de profundidade dos taques. Mas uma regra importante que não está na norma é nunca nadar sozinho, lembre-se disso! 

Nilson Maiera, Colunista convidado

 

Soluções e recomendações para a construção de novas piscinas:

- Piscina sem ralo de fundo com sistema de sucção por meio de skimmers (coadeiras);

- Preferência por ralos de fundo com dimensões superiores a 46 x 58 cm;

- Dois ralos de fundo anti-aprisionamento com distância de centros superior a 1,50 m e balanceados hidraulicamente;

- Um ralo anti-aprisionamento e um SSLV (Sistema de segurança de liberação de vácuo);

- Desligamento automático de bomba própria para essa finalidade;

- Respiro atmosférico;

- Sistema de alimentação por gravidade;

- Ralo não acessível;

- Alimentação inversa (água entra pelo piso e pelas paredes e sai pela superfície);

- Coadeira e ralo de fundo conectados sem registro.

- Para piscinas já existentes, é possível:

- Utilizar um ralo anti-aprisionamento e um segundo dispositivo como nos itens 4, 5 e 6 acima mencionados;

- Caso haja uma coadeira, eliminar o ralo de fundo e a água sai apenas pelo primeiro dispositivo;

- Caso não haja a coadeira, inverter o ralo de fundo e os bocais de retorno. Dessa forma, a água é succionada pelos bocais de retorno e entra na piscina pelo ralo de fundo (embora segura, tecnicamente não é uma solução adequada quanto a qualidade da água).

- No caso de piscinas residenciais ou comerciais pouco frequentadas, uma solução é desligar a bomba nos períodos de uso. Para isso, é indicada a utilização de programadores de tempo e uma atenta supervisão da piscina por um responsável.

 

Fonte: Revista ANAPP Edição 154