02/07/2020

Quebra de rotina


Compartilhe:

Isolados pela quarentena e distante dos treinos nas piscinas, atletas da natação utilizam aplicativos com orientação de exercícios e até yoga para manter a forma e controlar a ansiedade.

De nomes conhecidos da natação brasileira – Alessandra Marchioro, Pedro Kusumoto e Leonardo de Deus - a crianças (de seis a 12 anos) que praticam o esporte na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), em Santo Amaro, região sul da capital paulista. Todos são exemplos de atletas impedidos de frequentar clubes, parques aquáticos e academias por conta da Covid-19 e que seguem uma orientação de exercícios para que mantenham o condicionamento físico.

Ao comentar o distanciamento social que paralisou as atividades esportivas no País, o professor de educação física Bruno Ferrari Silva, da Unicesumar, do Paraná, cita que, no caso da natação, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças(CDC), órgão de saúde dos Estados Unidos, alerta sobre problemas de contaminação em piscinas de acesso público por contato direto com as pessoas, na utilização coletiva de vestiários, duchas higiênicas, pias e vasos sanitários.

Sem suporte técnico, os atletas estão procurando manter a forma exercitando-se em casa, ruas e praças. Videoconferência e aplicativos são ferramentas disponíveis para receber conteúdo e reduzir o impacto com o distanciamento. “Não é o momento de treinar, mas de manter a calma e cada um cuidar do seu corpo para não adoecer”, explica Luiz Henrique Ferreira, professor de educação e técnico da AABB.

Luiz Henrique explica que em período normal o treinamento na natação é dividido emalongamento, aquecimento e trabalho na água (exercícios e aperfeiçoamento técnico). Com a quarentena, a rotina das crianças é de conversas e exercícios leves, que elas têm acesso por aplicativo.

Bruno Ferrari Silva lembra a importância de uma alimentação saudável para promover a melhora da resposta imunológica. Ele indica os seguintes exercícios no ambiente doméstico: meditação ou yoga (ajudam no controle emocional e na respiração), alongamentos, calistênicos (auxiliam no equilíbrio e coordenação), funcionais (pilates) e aeróbicos (esteira rolante, pular corda, corrida estacionária e cicloergômetros, entre outros).

 

Na sala e na praça

Morando em Curitiba, Alessandra Marchioro estuda educação física na Unicesumar e tem contra ela o fato de o prédio onde reside ter fechado o acesso à piscina e ser do grupo de risco, pois é asmática, o que a levou a praticar natação e correr o mundo.

Uma das apostas da natação brasileira nos 50 metros e 100 metros livre, ela retornou ao Brasil na metade de março, após se preparar no México. Estava em plena forma física e técnica para tentar uma vaga na natação nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, adiados por conta da pandemia, assim como todas as competições nacionais e o Campeonato Sul-Americano, em Buenos Aires.

Desde então entrou em isolamento (por uma semana) e nunca mais conseguiu pular na água. O complexo esportivo onde treina, Clube Curitibano, está fechado. Com a ajuda do técnico, segue a rotina de prática diária de exercícios compensadores por até três horas e meia, em casa. Correr na praça do bairro, sem gente por perto, e com sol, é uma das opções. “A grande dificuldade é a perda de conexão com água. Com isso, tenho feito muito alongamento, corrida diária e exercícios nas articulações, tipo quadril e joelhos, para evitar lesões”, conta a atleta.

Em recente entrevista à TV Globo (SP), Leonardo de Deus destacou o exercício de yoga como importante para melhorar o sistema cardiorrespiratório e controlar a tensão do dia a dia. A filosofia budista, que trabalha o corpo e a mente, é essencial para o nadador, que depende muito da respiração para movimentar o corpo na água. “O yoga faz bem para o corpo e à alma”, reforça o nadador.

Outro atleta caseiro, Pedro Kusumoto informou ao globoesporte.com que a sua rotina é variada e improvisada: videoconferência, pular corda na garagem e ainda usar as cadeiras da sala como se fossem piscina. Segundo Kusumoto, seu objetivo é conciliar atividades físicas, alimentação e o sono.  

 

Fonte: Revista ANAPP Edição 151