11/07/2019

Bálsamo para dor nas costas


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Hidroterapia, natação ou uma simples caminhada dentro da piscina aliviam o desconforto. Especialistas recomendam, porém, orientação médica e fisioterapêutica

por Rúbia Evangelinellis

Quem sofre com dores nas costas, crônicas ou não, pode contar com os benefícios dos exercícios dentro da piscina, pelos métodos da hidroterapia ou da natação, para aliviar o desconforto. A atividade aquática conquista adeptos por inúmeras vantagens, como aliviar processo de estresse, relaxar a musculatura, estimular o alongamento e possibilitar atividades físicas sem provocar forte impacto nas articulações.

No entanto, os especialistas recomendam que os interessados sempre busquem orientação prévia de médicos e fisioterapeutas para saber quais são as práticas apropriadas e em que intensidade devem ser aplicadas. Guilherme Namur, diretor clínico da Acquaterapia, clínica de fisioterapia com maioria dos casos tratados com hidroterapia, explica que existe uma incidência alta de pessoas que têm ou terão dor nas costas. “O principal motivo que leva a isso é a sobrecarga do sistema da coluna (disco intervertebral, articulação e nervos), seja na região dorsal ou na lombar. A piscina reduz o impacto do peso

corporal e da sobrecarga  mecânica, principalmente se a água estiver aquecida a uma temperatura de 34 graus, medida terapêutica que utilizamos e ideal para aliviar a tensão e espasmo muscular”. Segundo ele, mesmo que a pessoa esteja submersa na água, sem fazer nada, já recebe os benefícios da diminuição do peso e do relaxamento  muscular. Mas com exercícios específicos de relaxamento ou de fortalecimento e de liberação miofascial (mio equivale a músculo e fáscia a tecido conectivo) é possível reduzir as tensões, melhorar o fortalecimento e alongar a musculatura. Namur explica que, cada vez mais, a dor nas costas acomete pessoas de todas as idades (inclusive jovens e adultos), principalmente aquelas que ficam muitas horas sentadas, no trabalho, em posição inadequada, têm estresse emocional, vida sedentária e alimentação inadequada. “Hoje vemos, por exemplo, quadro agudo de dores na cervical pelo fato de as pessoas permanecerem muito tempo digitando em celulares ou smartphones, em uma posição de ficar olhando para baixo”.

Alivia a dor e acalma

Além dos benefícios terapêuticos, diz Namur, a piscina aquecida também provoca a sensação de bem-estar porque remete a umambiente lúdico, de prazer, de brincadeira, reativando a memória afetiva e também à fase embrionária, de acolhimento e proteção. O especialista recomenda, porém, alguns cuidados para não agravar o quadro com atividades aquáticas inapropriadas. Quem tem dor cervical não pode fazer exercícios de cincundução (movimento circular de cabeça e pescoço). No caso de dor irradiada (para membros), deixe de lado o alongamento muscular para evitar o agravamento e a inflamação neural. “É importante considerar que, pela pressão hidrostática, a água causa a analgesia e a pessoa não sente dor naquele momento. Mas, ao sair da piscina, pode sentir os efeitos dos exercícios inadequados”. Os movimentos mais indicados são de estabilização segmentar para ativação dos músculos responsáveis por deixar a coluna no eixo.

Idosos, benefícios

Tiago da Silva Alexandre, fisioterapeuta e presidente da Gerontologia da SBGG-SP (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Estado de São Paulo), explica que a hidroterapia é recomendada para diferentes diagnósticos que remetem a dor nas costas, como artrose, hérnia de disco e bico de papagaio. São doenças que acometem pessoas de diferentes idades, mas que podem levar a um quadro mais complexo após os 60 anos: “A água entra como recurso importante, porque possibilita a flutuação e movimentos que talvez não fossem possíveis serem feitos fora dela, sem contar com o efeito relaxante que propicia”. Ele alerta, porém, que somente isso não resolve para tratar a coluna inflamada e a dor, lembrando a importância de se manter o acompanhamento médico, até para saber antecipadamente qual o motivo do desconforto, e seguir as recomendações, que podem implicar na associação dos exercícios com remédios e outros recursos da fisioterapia. A partir do alívio da dor, a hidroginástica também auxilia no fortalecimento muscular, desde que esteja na dose certa e na temperatura adequada. “Tudo isso depende de saber qual é a causa da dor e entender que o tratamento leva em conta muitos fatores. A população idosa gosta do contato com a água e isso ajuda muito no aumento de casos tratados com a hidroterapia.”

Natação

A fisioterapeuta Patrícia Prieto destaca que a água é um grande recurso terapêutico que permite trabalhar para a melhoria da flexibilidade, mobilidade, equilíbrio e promover o bem-estar físico, propiciando aumento da força e resistência. Quando se fala de coluna, é preciso entender que a pessoa cresce até 16 ou 18 anos, a altura se mantém até os 30 e depois (guardando as devidas proporções) começa a diminuir num processo lento. “Com isso, vêm os problemas de coluna, também em decorrência da má postura e do ritmo de trabalho, que geram dor e restrição de movimentos”, observa. Na sua opinião, a natação é um esporte completo e melhora o ritmo cardíaco, a respiração, a resistência, a flexibilidade e as dores nas costas em praticantes de todas as idades. Mas ela ressalta que nem todos os estilos devem ser praticados

por quem tem dor. No caso de lombalgia, evite o nado de peito, porque exige a região lombar. No diagnóstico de hérnia cervical, cuidado com o crawl. “Nenhum exercício pode causar dor. E isso deve ser respeitado para evitar a sobrecarga e a piora o quadro.”

 

Fonte: Revista ANAPP edição 145