23/06/2022

Atleta desmaia na piscina após quadro de exaustão; por que isso acontece?


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Nesta quarta-feira (22), a norte-americana Anita Álvarez, de 25 anos, deu um susto durante a prova de nado sincronizado do Mundial de Esportes Aquáticos, que está sendo disputado em Budapeste, na Hungria.

No final da apresentação, ela perdeu a consciência embaixo da água e precisou ser resgatada por sua treinadora, a espanhola medalhista olímpica Andrea Fuentes, que mergulhou de roupa para socorrê-la. A atleta apresentou um quadro de exaustão ao fim de sua prova. A equipe americana informou que ela está fora de perigo e passa bem.

Por que isso acontece?

De acordo com a colunista de VivaBem Taíse Spolti, nutricionista e educadora física, isso é bem comum de ocorrer a pessoas que participam de programas intensos de emagrecimento ou então por atletas que desempenham treinamento de alta intensidade. O corpo possui uma adaptação aos estímulos que são dados: quanto mais estímulos, mais fácil se torna se adaptar às circunstâncias. Isso vale para treinamentos de alto nível, para quem começa a caminhar e logo está correndo ou para quem levanta 10 kg em um agachamento e logo está com 50 kg.

Essa adaptação é o que buscamos, afinal todo resultado de exercícios físicos, sejam estáticos ou de performance, só se dá por meio da quebra da zona do repouso (ou zona de conforto, ou quebra da homeostase). Seja causando inflamação ou promovendo um déficit calórico além do planejado, até chegarmos em um perfil ativo, ou seja, um metabolismo mais avançado e que suporta intensidades mais altas de exercícios ou rotinas, será necessário adaptação, será necessário treino e treino, dia após dia, semana após semana. Quando algum indivíduo para, imediatamente, uma atividade mais intensa, o organismo não tem tempo de reação para a exigência metabólica que está acontecendo.

Por exemplo, mover o estoque de glicose para gerar energia que está no fígado, mas que tem capacidade limitada. Quando essa capacidade cessa, imediatamente começam outras ações e ciclos para gerar energia, aumentar a temperatura do corpo para melhorar a dilatação e levar essa energia para todas as regiões do organismo, fazer os músculos contraírem e também o coração e pulmões se sincronizarem para que tudo funcione em sintonia.

É muito trabalho! E isso funciona cada vez melhor quando o corpo se adapta, fica mais eficiente, mais forte, mais econômico. Mas existe um limite, de onde é mais tranquilo se recuperar mesmo para atletas ou para iniciantes, e onde é uma zona perigosa de chegar, inclusive para atletas. Essa zona mais perigosa pode causar convulsões ou até mesmo mal súbito.

O que fazer para prevenir o mal-estar da atividade física intensa?

Primeiramente você deve ser uma pessoa preparada, ou seja, não ser sedentária. Sempre que possível faça reposição hídrica e também de eletrólitos (aquelas bebidas que parecem suco, são repositores de eletrólitos com sabor uva, morango, limão e outras).

Não faça em jejum, mas também não ingira alimentos pesados ou grandes refeições próximo ao momento do exercício. Acontece muitas vezes de o organismo pausar a digestão pois a demanda de sangue periférico está sendo alta, ou seja, a temperatura e o fluxo de sangue para as extremidades são maiores do que o exigido na digestão de uma refeição.

Essa má digestão causa o temido mal-estar durante a atividade física, causando vômitos, e vômitos ácidos, já que o ácido liberado para a digestão não foi usado ou absorvido corretamente.

Como saber que seu corpo está chegando no limite?

Nosso corpo tem um sistema pré-definido de autopreservação. Isso quer dizer que ele vai avisar quando está próximo de atingir seu esforço máximo. Os principais sinais de que você está chegando perto do seu são:

Sensação de que não há mais força suficiente para realizar os movimentos, que acabam sendo mal executados;

  • Perda de coordenação motora e de equilíbrio;

  • Cãibras;

  • Náuseas;

  • Enxergar pontinhos brilhantes e ter a vista embaçada ou escurecendo;

  • Hipertermia (temperatura elevada do corpo);

  • Dor de cabeça (cefaleia).

"Depois de receber algum desses sinais, você pode até continuar o treino, mas é como um carro com algum problema, se continuar dirigindo, pode dar pane total", exemplifica o profissional de educação física Rodrigo Poli, especialista em fisiologia do exercício e treinamento resistido na saúde, na doença e no envelhecimento pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

A pane do corpo, no caso, é uma síncope, ou melhor, um desmaio. É o organismo apertando o botão vermelho de que você precisa parar. Ao desmaiar, o sangue, que não estava circulando de forma eficiente para algumas partes do corpo pois seu foco era "atender" os músculos, volta às suas funções rapidamente compensando a queda da pressão e reduzindo a sensação de mal-estar.

É um mecanismo de autodefesa eficiente, afinal, você realmente vai parar com o que estava fazendo. E se não parar, em casos extremos, convulsões e fortes alterações cardiovasculares, metabólicas e cerebrais podem ocorrer.

 

Fonte: www.uol.com.br