05/02/2017

É preciso Planejar


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Diretor da Costa do Sol Piscinas e Lazer, engenheiro civil e técnico em edificações, Ricardo Carvalho detalha os passos para o planejamento e a instalação de piscinas.

Muita gente que sonha em ter uma piscina em casa se vê diante de uma série de dúvidas sobre onde instalar, quais os
passos, qual material escolher e a quem pedir assistência. Esses itens são fundamentais para um projeto acertado e eficiente, por isso, para esclarecer os pontos principais do planejamento e instalação de uma piscina, a Revista ANAPP conversou com o engenheiro civil e técnico em edificações Ricardo Carvalho. Ele trabalha no mercado de piscinas desde 1992 e já atuou na assistência técnica e gerência de empresas especializadas no setor. Confira a entrevista.

Em linhas gerais, quais as vantagens de cada tipo de piscina (vinil, fibra e alvenaria)?

Ricardo Carvalho – Os tipos de piscinas diferenciam -se em custo, prazo de execução e durabilidade. As piscinas de vinil e fibra são construídas em prazos mais curtos e custam menos. A piscina em alvenaria tem uma durabilidade maior e custa em torno de 40% a mais.

Atualmente, a piscina em vinil é uma tendência de tecnologia, custo e benefício. As indústrias vêm investindo em novas estampas, tecnologia no corte e soldagem do material, tornando a piscina em vinil um produto de altíssima qualidade e grife. Ela também tem a vantagem de permitir a troca da estampa no futuro sem a necessidade de realizar obras.

Já as piscinas de fibras, após uma longa quarentena, voltaram a ganhar espaço de destaque no mercado, por se tratar de um produto de rápida instalação, modelos prontos e diferentes opções de cores. Além disso, elas apresentam um custo melhor, por não necessitarem de estruturas em alvenaria, e menor tempo de execução.

As piscinas revestidas em vinil ou azulejos – no caso, as de concreto ou alvenaria mista – permitem projetos personalizados, ou seja, podem ser projetadas em diferentes formatos e estampas.

Qual a durabilidade estimada de cada tipo de piscina?

RC – As piscinas em vinil têm um prazo de oito a 10 anos para substituição do vinil; já as de fibra geralmente levam 15 anos para a realização de troca ou reparos. No caso das piscinas de alvenaria, a cada 20 ou 25 anos é necessária uma manutenção pesada, e a cada 10 anos, um rejuvenescimento e nova aplicação de rejuntes. Esses prazos foram adotados pela nossa experiência e diálogo com clientes que buscam nossos serviços.

A instalação de uma piscina requer inclinação específica do terreno? 

RC – Não, o terreno pode ter qualquer tipo de topografia; o projeto resolverá a necessidade da obra.

É preciso analisar o solo antes de construir uma piscina? Todos os tipos de terreno são propícios para instalar uma piscina ou alguns requerem tratamento prévio? 

RC – O solo influencia a base de fundação de uma piscina e requer uma análise, que tem um custo e é feita por um método de sondagem do solo. Em muitos casos, não se aplica, pois, já na escavação, é possível analisar o solo e definir o método construtivo. Em terrenos com lençol freático alto, são necessários drenagem e cálculos estruturais específicos.

Quanto à incidência do sol, qual a posição mais recomendada da piscina?

RC – Quando se projeta uma piscina, procuramos no terreno o espaço de maior incidência. Isso depende também de seu entorno, onde está construída a casa. Se possível, direcionar o projeto a uma face norte é sempre melhor. Também é importante respeitar os recuos e manter certa distância de paredes altas que, no entorno, podem projetar sombra na piscina.

Qual a importância da impermeabilização da piscina e quais os pontos que devem ser observados nesse quesito?

RC – Hoje, há vários tipos e métodos para impermeabilizar uma piscina. Recomendamos sempre que piscinas enterradas sejam impermeabilizadas  com polímeros (rígidos ou semiflexíveis, flexíveis ou flexíveis com fibras) e piscinas elevadas sejam impermeabilizadas com manta asfáltica. Os dois tipos de impermeabilização devem ser feitos por profissionais.

Para as piscinas enterradas, é essencial uma atenção ao reboco a ser aplicado, sua rugosidade e acabamento. Na impermeabilização feita com polímeros, não pode haver falha no reboco ou massa de regularização. Além disso, recomenda-se a aplicação em quatro demãos cruzadas, dependendo de cada fabricante. É importante cuidar também da parede face externa da piscina, aplicando sempre uma nata vedante, eliminando a infiltração por capilaridade.

Já a manta asfáltica é utilizada, na maioria das vezes, em piscinas suspensas (sobre lajes ou pisos). A manta permite uma tratabilidade maior, respeitando as movimentações de empuxos e estancando totalmente a alvenaria em suas faces positiva e negativa.

Como escolher o tipo de acabamento ideal para a piscina de alvenaria?

RC – Hoje, percebemos que o mercado de revestimento possui um leque muito grande em qualidade, preços e tamanhos. Recomendamos o revestimento em pastilhas de porcelana no tamanho 5 cm x 5 cm ou pastilhas cerâmicas 10 cm x 10 cm, pois as piscinas revestidas com pastilhas de tamanho 2 cm x 2 cm, geralmente, com o passar do tempo, acabam soltando algumas peças, principalmente nas bordas. O mercado também oferece pedras naturais, consideradas atualmente a grande tendência das piscinas em alvenaria.

Quais os melhores pisos para instalar na área em volta da piscina e qual o tipo de iluminação mais aconselhável?

RC – Na área externa da piscina, recomendamos a utilização de pisos antiderrapante e atérmico, como pisos cimentícios, porcela- natos próprios para esse tipo de área e pedras naturais. Atualmente, o led é a melhor opção no mercado, pois oferece baixo consumo, luminárias blindadas e lâmpada praticamente fria. O led vem evoluindo sempre e, certamente, com a entrada de novos produtos, como vem acontecendo, tende a melhorar sua tecnologia
e custo.

Existe uma profundidade ideal para piscinas domésticas?

RC – Um padrão que o mercado adotou de profundidade para piscinas domésticas é de 1,40 m, mas não existem regras e fica à escolha de cada cliente. A piscina de 1,40 m de profundidade padrão permite a instalação de kits de jogos aquáticos, como kit biribol ou kit polo aquático.

Além da piscina em si, quais os componentes e acessórios que precisam ser adquiridos obrigatoriamente?

RC – Toda instalação de piscina requer dispositivos de retorno, dispositivos de aspiração, dispositivos niveladores, skimmer – coadeira de superfície, filtro, motobomba e ralos com proteções antiaprisionamento. O principal antes de construir uma piscina é projetar e, claro, dimensionar corretamente todos os itens mencionados.

 Qual a importância da casa de máquinas?

RC – Na compra de uma piscina, todos pensamos como ficará lindo o projeto depois de pronto, mas não nos atentamos onde iremos instalar e armazenar os equipamentos adquiridos junto com a construção da piscina. Para que os equipamentos funcionem, principalmente os eletroeletrônicos, precisamos investir na casa de máquinas, adequando esse espaço de forma segura, fácil manuseio e espaços projetados para futuras manutenções. Portanto a casa de máquinas não pode ser esquecida, pois faz parte da piscina. Nós sempre sugerimos aos clientes que a casa de máquinas seja parcialmente elevada, possuindo porta lateral e ventilação, o que evitará infiltrações
e oxidação dos componentes elétricos.

É recomendado contratar uma empresa ou profissional para o planejamento da instalação da piscina*?

RC – Sem dúvida. A contratação de uma empresa ou profissional é indispensável para construção ou instalação de piscinas e seus componentes.

*Nota da ANAPP: Em relação a esse assunto, cabe ressaltar que o projeto hidráulico de uma piscina deve atender às normas
da ABNT, que, além de tornar o dia a dia da manutenção da piscina melhor e econômico, tornam seu uso mais seguro, principalmente
quando falamos do dimensionamento correto das tubulações, utilização de grades/ralos antiaprisionamento e da
instalação de pelo menos dois ralos de fundo, medidas que eliminam o risco de acidentes graves.

Confira a seguir o checklist do que é essencial a se observar no planejamento da piscina:

1. Busca por uma loja (revenda) especializada na construção que possua um responsável técnico;

2. Visita técnica para conhecer o local onde será construída a piscina;

3. Realização do projeto conforme as normas da ABNT: layout arquitetônico, projeto estrutural,
hidráulico e elétrico;

4. Dimensionamento de equipamentos;

5. Avaliação do que o cliente irá colocar de opcionais ou planejar futuras instalações, como aquecimento, iluminação, hidromassagem, tratamento alternativo da água, automatização do sistema, drenagem, aproveitamento de água de reúso;

6. Finalização do estudo do projeto da piscina e casa de máquinas;

7. Início das obras.